«Richard, Peter Saints and Little Hammer were three of the stars in the conquest of the championship of Portugal». Não, não é um erro de tradução ou um dos resultados da massificação do inglês na Internet. É apenas uma abordagem possível ao que diriam os fundadores do Boavista se fossem transportados desde o princípio do século passado até aos nossos dias.  
 
A proeza que conseguiram Ricardo, Pedro Santos, Martelinho e todos os outros campeões de 2000/01 coroa a história do clube imaginado há 100 anos por alguns britânicos, como Frank Jess, Harry Robinson ou John Janes, os homens que estiveram na génese do «The Boavista Footballers», em 1 de Agosto de 1903.

Apoiados pela crescente importância do vinho do Porto na balança comercial da cidade, já em 1906, directores, mestres e operários da Casa Graham deram novo impulso ao clube e construíram o primeiro campo de futebol, na zona do Bessa.  
 
A aliança luso-britânica funcionou apenas nos primórdios, até porque a primeira bola de futebol veio de Inglaterra. Aproveitando o estranho «desaparecimento» do Futebol Clube do Porto entre 1894 e 1906, os Footballers decidiram largar em definitivo as raízes anglo-saxónicas e estabeleceram a identidade para o resto da história. Em 1909, a agremiação da zona do Bessa passa a chamar-se Boavista Football Club, tal como agora é conhecida (com os devidos reajustes linguísticos).  
 
Estavam lançadas as raízes para o futuro, pois um ano depois passou a existir o Campo (hoje Estádio) do Bessa. A inauguração foi a 11 de Abril, com um jogo frente ao Leixões, seguindo-se um jantar, sem convite ao F.C. Porto, dada a rivalidade já existente. Aliás, na primeira oportunidade de confronto directo com os «Andrades» em competições oficiais, os boavisteiros saíram vencedores. Foi na época de 1913/14, em que o clube de sagrou campeão do Porto, impondo-se a F.C. Porto, Salgueiros, Leixões, Espinho e outros. 

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