Van Hooijdonk - Estreia magnífica em jogos no Estádio da Luz. Pouco mais de meia-hora foi suficiente para o holandês ajudar (e de que maneira) a mudar o jogo encarnado. Muito menos estático que João Tomás, Hooijdonk «obrigou» a equipa a aproximar-se dele e aproveitou bem esse facto, obtendo um golo com um remate friamente eficaz à entrada da área e oferecendo a Poborsky o segundo tento encarnado. Não empolga a assistência com requintes técnicos, mas mostra sinais de poder vir a ser bastante útil. 

Enke - Só não é um «seguro de vida» porque não pode estar em dois lugares ao mesmo tempo. No primeiro golo do Aston Villa fez uma defesa «impossível», mas com a defesa a deixar a bola pular dentro da área dificilmente um guarda-redes resiste. De resto, o alemão assinou um punhado de boas intervenções, que vêm na linha do que se lhe viu no ano passado e apagam toda a margem de dúvidas sobre a identidade do dono da baliza encarnada. 

Poborsky - Quando o Benfica está no pára-arranca que tem caracterizado o seu jogo, espera-se sempre que o checo possa engatar uma mudança alta e acelerar para junto da área adversária, criando desequilíbrios para os colegas aproveitarem ou surgindo ele mesmo em zona de finalização. Durante a primeira parte Poborsky não passou dos ameaços, mas na segunda confirmou que é a grande mais-valia da equipa: passe para Van Hooijdonk marcar o primeiro golo e concretização do segundo, então com o holandês a retribuir-lhe a oferta. 

Marchena - Da luta infernal que travou com o possante Dion Dublin resultou a confirmação de se estar em presença de um jogador com potencial, mas que provavelmente precisará de melhorar os índices de concentração. Quando se têm pela frente pontas-de-lança qualquer erro pode ser fatal, como o foi uma hesitação do espanhol no lance do primeiro golo do Aston Villa. De resto, nota-se-lhe bom sentido posicional, dureza q.b. e capacidade de desarme. 

Sabry - Tem tudo a seu favor, nomeadamente o facto de ser fiel depositário das esperanças dos adeptos encarnados. Só isso explica o facto de ter saído debaixo de aplausos quando a maioria dos companheiros que foram substituídos levaram assobios para recordação. Assinou, é verdade, a melhor jogada benfiquista da primeira parte, mas isto é manifestamente pouco para alguém de quem se espera a resolução dos problemas do Benfica e a condução do jogo encarnado. Quando as fintas que sabe fazer começam a não lhe sair, Sabry não disfarça a indisciplina táctica que faz com que ninguém perceba muito bem (incluindo Maniche) se joga na esquerda ou no meio. 

Ginola - Dá gosto ver tratar a bola como Ginola o faz. O elemento mais importante do jogo corre à frente dos pés do francês como se planasse suavemente sobre a relva e obedece-lhe cegamente quando se trata de ir ter com outro jogador do Aston Villa. A classe refina-se com a idade e quem gosta de futebol nem se importa se aqui ou ali faltar um pouco da velocidade que tornaria tudo perfeito. 

Hendrie - Descaído sobre a meia esquerda num miolo onde não faltava gente, foi um «estafeta» encarregue de levar a bola desde a linha defensiva de três homens do Aston Villa até aos pés de Ginola. Os momentos de génio do meio-campo inglês ficaram a cargo de Paul Merson (quem sabe não esquece), mas foi Hendrie o responsável pela coerência do jogo da equipa de John Gregory.