Com Valeri Lobanovsky alegadamente na cama do hotel, a recuperar de uma gripe e da fadiga de cinco horas de viagem desde Kiev, Demianenko, um adjunto com más recordações do Porto, enfrentou os jornalistas com as mesmas reservas do «velho lobo», mas deixando escapar, frequentemente, o sorriso, o que no caso do treinador seria de todo impensável. 

Sem a aura nem a expressão de tédio de Lobanovskyi, Demianenko reconheceu, sem esforço, o perigo axadrezado. «Não é por acaso que o Boavista é campeão português». Diante da evidência, o ucraniano juntou uma forte suspeita. «Este é, talvez, o grupo mais equilibrado da Liga dos Campeões», arriscou, jurando que a exibição da equipa portuguesa em Anfield Road não o deixou boquiaberto: «Não fiquei surpreso com o empate em Liverpool». 

Só o Dínamo justificara a sua surpresa, na primeira jornada. Depois de ter estado a vencer por 2-0, no Estádio Olímpico, deixou-se empatar pelo Borússia de Dortmund. «Alguma coisa correu mal», admitiu. Mas o quê, não disse ao certo, seguro de que exporia algumas fragilidades da equipa, se o fizesse. 

Demianenko foi breve na referência ao adversário de amanhã, embora sabendo do que falava. Mais do que o jogo de Liverpool, o treinador assistiu a outros encontros da Liga portuguesa, que envolveram o Boavista. «Vale mais pelo conjunto do que pelos valores individuais que tem», sentenciou. Por isso se recusou a distinguir estrelas. Independentemente da avaliação, confia num bom resultado: «Se não chegámos confiantes, nem devíamos estar aqui. Se viemos, é para ganhar». Revelador...