Já passaram dois meses, mas Ivan Moreno ainda está ferido. No orgulho. Sente na pele o que julga ser uma injustiça, depois de ter projectado sonhos quando o F.C. Porto se atravessou no seu caminho. O argentino esteve envolvido no processo de transferência de Pizzi para o Rosário Central, numa altura em que o avançado resolveu sair das Antas para regressar ao seu país. 

Depois de ter integrado o estágio de pré-temporada, o futebolista terá sido dispensado ¿ de acordo com as notícias que circularam na altura -, acabando por rumar a Espanha, onde assinou contrato de uma época com o Villarreal. No entanto, o jogador conta uma versão completamente diferente. Contactado pelo Maisfutebol, diz ter sido «enganado pelo F.C. Porto», sublinhando que saiu do clube por iniciativa própria. «Não me interessava ficar, porque me desrespeitaram». 

A história deste longo processo começa no preciso momento em que Pizzi manifesta a sua intenção de regressar ao Rosário Central, onde começou a dar os primeiros passos no futebol. O pedido é aceite e a equipa técnica acabou por ter o direito de opção sobre um jogador, Ivan Moreno. «Nessa altura, assinei um pré-acordo de quatro anos com o F.C. Porto. Foi enviado por fax para Portugal, mas depois disseram-me que esse documento não tinha validade», explicou o futebolista. 

Apenas um quarto do ordenado... 

Quando chegou a Portugal, o médio argentino participou na apresentação oficial da equipa à massa associativa e integrou o estágio de pré-temporada em Clairefontaine, em França. Tudo se precipitou quando a equipa regressou a Portugal. «Disseram-me que o pré-acordo não tinha validade. Apresentaram-me uma nova proposta, também com a duração de quatro épocas, mas com valores muito inferiores. Apenas me ofereciam um quarto do ordenado proposto no outro contrato. É óbvio que não aceitei. O dinheiro não é tudo, mas um futebolista tem de olhar para a parte financeira», explicou. 

Por isso, Ivan Moreno optou por sair das Antas para tentar a sua sorte em outras paragens. «Não podia ficar, porque não foram sérios comigo. Faltaram-me à palavra. Ainda estou muito triste com tudo o que se passou. Apresentaram-me como jogador do plantel, durante a pré-temporada disseram-me que ia ficar, mas depois fizeram-me aquilo... Não me trataram bem, por isso muito dificilmente regressarei ao F.C. Porto», disse. Ainda ficou algum tempo em Portugal, à procura de clube, chegou a ser hipótese para o River Plate, mas acabou por rumar a Espanha. 

Nada contra Octávio Machado 

O argentino quis deixar bem claro que não tem qualquer crítica a fazer ao treinador Octávio Machado. «Há uma diferença entre a equipa técnica e a Direcção. Não tenho nada a apontar ao treinador. Bem pelo contrário. É um excelente profissional, muito rigoroso no trabalho. Sempre me tratou bem. Os jogadores são excepcionais e o ambiente no seio do grupo sempre foi o melhor», reconheceu. 

Agora, Ivan Moreno defende as cores do Onda, clube satélite do Villarreal. Disputa o campeonato da II Divisão B espanhola e pretende dar nas vistas para disputar a I liga do país vizinho. «Mas, mais importante do que isso, é estar num sítio, onde sou bem tratado pelas pessoas...»