O processo N`Dinga está perto do fim. Na próxima terça-feira vão ser ouvidas as últimas testemunhas de um caso que remonta à época de 86/87, quando o zairense deixou a Académica e foi indevidamente inscrito pelo V. Guimarães na Federação Portuguesa de Futebol.  

A audição, que vai ter lugar na 2ª Secção da Segunda Vara Mista do Tribunal Judicial de Lisboa, vai analisar, igualmente, o facto do clube de Coimbra ter descido de Divisão na época seguinte à «fuga» do jogador. Em 88, os dirigentes alegaram ter sido prejudicados pelo facto de N¿Dinga ter jogado ilegalmente pelos vimaranenses, quando as duas equipas se defrontaram e empataram 0-0.  

À luz da lei vigente na altura, os academistas reclamaram a existência de fraude e, por isso, deveriam ter vencido por 3-0. Este resultado teria sido essencial, pois salvaria a Académica de descer e colocaria o V. Guimarães na II Divisão. É que, por ironia do destino, as duas equipas chegaram ao final da época empatadas e só a diferença de golos serviu para definir o relegado. 

Neste momento, a Académica já conseguiu provar alguns quesitos e acredita que será possível ganhar o caso em Tribunal, depois de o ter perdido nas instâncias desportivas. Na primeira vez que uma Instituição processa a FPF, as negociações para uma medida de concenso estão paradas, embora o julgamento já tenha sido adiado para bem da Federação. Estava para realizar-se 15 dias antes da UEFA ter atribuído o EURO 2004 a Portugal, mas como foi considerado que a exposição do caso seria prejudicial para o país a Académica acedeu adiar o julgamento para o dia 6 de Fevereiro de 2001 (terça-feira). 

«É uma questão de honra», revela Campos Coroa 

Os montantes envolvidos numa eventual indemnização que a FPF terá de pagar à Académica são relevantes, mas para o presidente Campos Coroa «isso é o menos importante». Em 93, quando o clube interpôs o processo em Tribunal, foram reclamados 700 mil contos, que actualizados rondarão o um milhão de contos. 

Segundo Ferreira da Silva, advogado academista envolvido no processo, «se o caso for resolvido a favor da Académica, ainda existe a possibilidade de recurso da parte da FPF e vice-versa, mas reconhece-se que será mais fácil partir para uma negociação, uma vez que neste momento está parada». 

Mais sentimental, Campos Coroa assume este caso como «uma questão de honra» e define as intenções do clube: «Estamos em Tribunal para ganhar e queremos que a Justiça nos dê a razão que o público já reconheceu. Isso é mais importante do que qualquer soma monetária». O actual presidente da Académica viveu sempre de perto este caso, já que na altura em que sucedeu era parte integrante do departamento médico.