A crise do Campomaiorense é resultado de um conjunto de problemas que ocorreram em Campo Maior esta temporada. Quem o garante é Paulo Vida, jogador que representou o conjunto alentejano até há um mês e meio e que saiu, após rescisão.

Em conversa com o Maisfutebol, Paulo Vida sublinhou a sua «tristeza» em relação às notícias que apontam para a extinção do futebol sénior em Campo Maior. Mas o avançado, que apesar de ter perdido as últimas seis jornadas, ainda conseguiu ser o melhor marcador da II Liga, com 18 golos (tantos quantos marcaram Rómulo e Serginho, do Nacional, e Arrieta, do Chaves), não se surpreende com a iminência de extinção do Campomaiorense: «Fico muito triste com tudo isto, mas não surpreendido, para ser franco. Quando saí de Campo Maior, algumas pessoas deixaram-me a entender que isto iria acontecer. A extinção da equipa profissional já estaria a ser pensada há algum tempo».

Paulo Vida faz questão de ressalvar o seu «respeito» pela família Nabeiro: «Sempre tive consideração pelo presidente e pelo pai dele. A família Nabeiro sempre aguentou as coisas, bem como a empresa Delta. Mas de resto, não houve apoios. A descida fez com que as pessoas desanimassem muito e notava-se um grande cansaço no presidente, que estaria a pensar em acabar com a equipa há já algum tempo». Vida fala na derrota «de toda uma região», uma vez que «o Campomaiorense representa não só uma cidade, mas uma zona que está esquecida neste país».

Explicações para a derrocada

O «respeito» que Paulo Vida fez questão de mostrar pelo Campomaiorense não o impede de abrir o livro em relação a um conjunto de acontecimentos ocorridos esta época e que originaram a derrocada. «Passaram-se coisas muito tristes. Uma delas foi a minha saída. As pessoas falaram em motivos disciplinares, mas não sei quais foram. Fiz questão de ir perguntar à Direcção, que me garantiu que eu fui sempre um profissional exemplar».

A verdade é que Paulo Vida foi uma das pessoas apontadas pelo treinador Fabri Gonzalez: «Eu e mais três colegas saímos. Dizia-se que éramos os maus da fita, mas afinal nós saímos e as coisas continuaram a correr mal. Tenho em Campo Maior muito amigos e foi com muita tristeza que vi o Campomaiorense ficar na classificação em que ficou».

Paulo Vida recordou que «quando Diamantino saiu, o Campomaiorense estava só a um ponto dos lugares de subida. Foi mau para o grupo ele ter saído, mas são situações que os jogadores têm que aceitar. Continuámos, mas as coisas pioraram. Quando veio este treinador (ndr: Fabri Gonzalez), ele queria um plantel equilibrado. Se calhar, eu por ter 18 golos marcados desequilibrava... Mas tenho pena, porque se não tivesse perdido os últimos jogos, certamente que iria marcar mais e ajudaria o Campomaiorense a melhorar na tabela».

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