O Tribunal italiano de Reggio Emilia reconheceu hoje ao jogador nigeriano Ekong Prince Ipke o direito a jogar na série C italiana, sem ver o seu acesso à equipa limitado por ser extra-comunitário. A sentença abre um precedente que terá consequências profundas em todo o futebol italiano e, provavelmente, europeu. 

A decisão do tribunal baseia-se na lei que impede que haja tratamento desigual para trabalhadores italianos e estrangeiros, equiparando, de caminho, os futebolistas a qualquer outro trabalhador. O princípio é o mesmo do acordão Bosman, no qual o Tribunal Europeu de Justiça consagrou o direito dos desportistas à livre circulação, o que passou a proibir o limite de inscrição de jogadores comunitários e acabou com a indemnização pela transferência de jogadores em final de contrato. 

De acordo com o site Calciomercato o líder do AC Milan, Adriano Galliani, estaria já a liderar um movimento para violar o limite de três extra-comunitários em vigor na série A, utilizando seis jogadores de países não membros da União Europeia já na próxima jornada. 

Ekong Ipke tem 22 anos e decidiu pôr a acção em tribunal quando o seu clube, a Reggiana, desceu da série B para a série C, divisão cujos regulamentos não permitem a utilização de extra-comunitários.