Lesionado, sentado na poltrona da sala, Soderstrom quase pôde sentir solo asiático debaixo do dedo fracturado do pé esquerdo, assim que o telefone traduziu as novas da Turquia. Descansado, sem jogar, apenas um pouco ansioso, deu por si qualificado para o Mundial do Japão e da Coreira do Sul, numa sensação confessada no riso nervoso, que o cuidado extremoso de manter a dúvida não conseguiria negar. 

Em casa, enquanto a Suécia sofria em Istambul, Soderstrom soube da reviravolta e do apuramento, motivo de orgulhoso e «felicidade» assumida, mas também de lamento, por não ter participado na festa turca. Mas sobre a sua presença no Mundial, no Verão de 2002, o médio do F.C. Porto faz-se cercar de cuidados. «Pode ser que vá, depende do seleccionador...». À cautela, mantém o suspense, antes de formular a promessa: «Vou continuar a trabalhar para ser titular e voltar à selecção». 

A disputa de um lance em Zurique, com o Grasshopper por adversário, manteve-o à margem da saga sueca, frustração de que já se refez. «Não esperava estar lesionado, mas o futebol também tem destas coisas». Só a recuperação o preocupa agora, ainda que a possibilidade de defrontar o Varzim, no domingo, lhe pareça bastante remota. Para a Juventus, talvez... Prefere «não falar nisso». 

Agrada-lhe muito mais confirmar um início de época que excedeu as suas próprias expectativas, com a conquista da Supertaça e o acesso à Liga dos Campeões pelo meio, e confirmar, sem reservas nem pruridos, que, apesar de nunca ficar satisfeito consigo próprio, o seu desempenho «é melhor ao lado do Paredes». 

Soderstrom vai «trabalhar no máximo». É promessa, que repete com insistência, como se alguém pudesse duvidar da palavra do sueco, que se sente obrigado a «agradecer ao F.C. Porto por ir à selecção». Ou seja, explica-se o próprio, «o Porto é um clube de nível mundial e, se eu jogar no Porto, é mais fácil ir à selecção». Mal pode esperar pela oportunidade de voltar a jogar. A começar nas Antas. Se o pé esquerdo deixasse, jogava já no domingo.