O jogo entre a Rep. da Irlanda e Portugal, do próximo sábado, em jogo da fase de apuramento do Mundial 2002 não é apenas um confronto entre duas selecções de estilos distintos. Frente a frente, vão estar, também, as representações futebolísticas de dois países com uma estrutura sócio-económica semelhante, e que lutam por alguns objectivos comuns, como o apuramento para o Campeonato do Mundo e a integração plena na União Europeia.  

A República da Irlanda, de população maioritariamente católica, surgiu como país independente em Dezembro de 1921, no período entre as duas Guerras Mundiais que abalaram a Europa, com a denominação de Estado Livre da Irlanda. O território, composto pela parte sul da ilha, adquiriu então um estatuto constitucional inserido dentro da Comunidade das Nações Britânicas, a Commonwealth. A Irlanda, contudo, viria posteriormente a abandonar a Comunidade em função das graves divergências com o Governo de Londres, relativamente à questão dos territórios do Norte.

 
Com séculos de história marcados pelo domínio do Império Britânico, que levaram ao surgimento de inúmeras divisões em todo o país, a Irlanda adquiriu assim um novo estatuto internacional, conquistando crescente autonomia. Por resolver, continuaria, contudo, a questão da Irlanda do Norte, região que se manteria sob administração da Grã-Bretanha e centro de inúmeras convulsões sociais e políticas, que se mantêm até aos nossos dias.

 
No âmbito económico, a Irlanda, tal como Portugal, é considerada um dos países «pequenos» no contexto da União Europeia, tendo, contudo, registado um crescimento considerável nos anos. Para tal, muito contribuíram condições sociais, políticas e económicas favoráveis, ao nível interno e externo.

A economia irlandesa conheceu um forte impulso com a adesão do país à Comunidade Económica Europeia, em 1973, em conjunto com a Dinamarca e a Grã-Bretanha. Desde então, o Estado irlandês tem sido receptor de avultados subsídios com vista ao desenvolvimento do país, tal como, de resto, aconteceu com Portugal, a partir de 1986, ano da adesão portuguesa ao projecto europeu.

Nos últimos cinco anos, a economia irlandesa sofreu um crescimento acelerado, na ordem dos nove por cento, com uma política orientada para as exportações, em especial no que diz respeito à agricultura, electrónica e produtos farmacêuticos.   
 
Em 1997, a Irlanda era o país que registava maior índice de crescimento anual dentro da União Europeia, o que levou o Banco Central Europeu a exigir uma série de medidas ao governo irlandês que fizessem abrandar esse crescimento. Como consequência desses dados favoráveis, a Irlanda viu substancialmente reduzido o total de Fundos Comunitários que lhe foram atríbuido para o período 2000-2006: cerca de um quarto do valor que cabe ao estado português.

Tal como Portugal, a República da Irlanda é um dos países que, em 1998, aderiram à União Económica e Monetária, conhecida por zona Euro, e que a partir de Janeiro de 2002 vão partilhar a moeda comum europeia.

No panorama político, os dois países partilham, também, características comuns. Ambos são repúblicas baseadas numa democracia parlamentar, lideradas por um Chefe de Estado. Contudo, ao contrário do que acontece com Portugal, a Irlanda possui um sistema bicameral, com o Senado e a Câmara dos Representantes.  
 
A grande diferença entre os dois países encontra-se na política de educação. Uma aposta ganha na Irlanda, em que a taxa de analfabetismo é de um por cento, e uma promessa por cumprir em Portugal, onde esse valor, na viragem do século estava ainda nos 10 por cento. 

  

Irlanda

Portugal

Moeda

Libra irlandesa(254$5)

Escudo

Superfície Total

70 000 km²

92 072 km²

Densidade Demográfica

53 hab por km²

108 por km²

População

3,7 milhões  
hab. (2000)

10,8 milhões  
hab. (2000)

Taxa de analfabetismo

1 % (1997)

10% (1997)

PNB

24,5 mil milhões  
de contos (2000)

30 mil milhões 
de contos (2000)

Taxa de inflação (Abr. 2001)

4,6 %

4,3%

Fundos Comunitários  
(2000-2006)

166 milhões de 
euros

671 milhões de 
euros