Jorge Coroado foi um dos últimos a deixar o estádio Nacional. Já as equipas iam há muito na estrada, ainda o árbitro do encontro estava junto ao carro, com um sorriso nos lábios. Como se lhe custasse deixar o cenário do seu último jogo e a memória de uma tarde feliz. Em seu redor, alguns amigos e... as forças policiais.  

Não por ser alvo de qualquer ameaça, que o ambiente era tudo menos pesado. Apenas porque o juiz do encontro fizera questão de recolher na bola do jogo, que segurava com a determinação de um miúdo, as assinaturas dos elementos da polícia que fizeram a segurança junto ao relvado. Sempre sorridente, Coroado recolhia autógrafo atrás de autógrafo, até já quase não restar espaço na bola. 

Depois, pôs a preciosa recordação na mala do carro, e despediu-se longamente dos poucos jornalistas que presenciavam a cena. Uma só palavra para definir o seu estado de alma nesse momento: «Plenitude. Quando o jogo acabou emocionei-me e senti alguma tristeza por isto ter chegado ao fim. Depois, a tristeza passou e agora sinto apenas plenitude e a noção do dever cumprido», referiu. 

«Amanhã vai custar-me mais», confessou «mas agora sinto uma grande tranquilidade, mais a alegria de ter conseguido demonstrar, no último jogo, que quando os jogadores ajudam e o espírito é bom, é muito fácil apitar um encontro de futebol». E seguiu, rumo ao jantar de confraternização que iria encerrar um dia a todos os títulos inesquecível.