«Qualquer regresso de Maradona ao futebol seria para fora do terreno de jogo. E ele só foi feliz dentro do campo. De qualquer forma, é uma personagem que não se consegue imaginar sem futebol. E é provável que encontre aí factores de motivação que o ajudem a recuperar o gosto de viver.» 

- Vou fazer-lhe uma provocação: não o incomoda ter sido campeão do Mundo, em 1986, com uma equipa treinada por Bilardo, muito distante dos seus ideais futebolísticos? Em 1982, por exemplo, com Menotti aos comandos e um sistema mais ofensivo, a Argentina não foi além da segunda fase... 

(sorriso) - Ser campeão do mundo nunca incomodou ninguém. Mas vamos pôr as coisas assim: tenho muito mais que agradecer a Menotti do que a Bilardo. O meu papel na selecção de 1986 era muito semelhante ao que desempenhava no Real Madrid e não tive que mudar a minha forma de jogar. Por outro lado, esse Mundial foi ganho, em larga medida, graças ao talento de Maradona, que joga tão bem futebol como o pensa Menotti. Isso equilibra um pouco as coisas. 

- Por falar em Maradona: concorda que só o futebol o pode salvar, como afirmou Zico? 

- Isso não me parece possível. Qualquer regresso de Maradona ao futebol seria para fora do terreno de jogo. E ele só foi feliz dentro do campo. De qualquer forma, é uma personagem que não se consegue imaginar sem futebol. E é provável que encontre aí factores de motivação que o ajudem a recuperar o gosto de viver.