Germano teve o azar de nascer demasiado cedo. Por isso, só tardiamente atingiu a consagração suprema, primeiro como líder da defesa do Benfica bicampeão europeu, depois, já veterano, como integrante dos Magriços do Mundial de 1966. Foi aí, frente à Bulgária, que cumpriu o último de uma série de 24 jogos, ao longo de 13 anos, com a camisola da selecção nacional.
O facto de sete dessas chamadas terem sido conseguidas com a camisola do Atlético - resistindo até a uma grave doença pulmonar e a uma despromoção à II Divisão - demonstra bem até que ponto a sua qualidade se impunha, fosse com que camisola fosse. Central tecnicista e inteligente como poucos, marcou uma época de viragem no futebol português, habituando os adeptos a resolver problemas com a mesma classe com que os avançados e médios os criavam.
Protótipo do defesa-talentoso, à imagem de um Beckenbauer ou de um Bobby Moore, teve contra si o «handicap» de fazer a ponte entre uma das épocas mais sombrias do futebol português (os anos 50) e os anos dourados da geração de Eusébio. Mas o facto de continuar bem presente em todas as memórias, 40 anos depois das últimas lições, explica tudo o resto.
Chegou ao Benfica em 1960, com 27 anos, já com o estatuto de grande jogador, com dez internacionalizações e plena maturidade. Foi campeão logo no primeiro ano e deu um forte contributo para a conquista da primeira Taça dos Campeões. Mas foi na final de 1965, em San Siro, frente ao Inter que se destacou como grande protagonista.
O guarda-redes Costa Pereira ressentiu-se de uma lesão pouco depois de sofrer o golo marcado por Jair e teve de abandonar o campo. Estavam jogados 57 minutos quando Germano calçou as luvas e foi para a baliza proporcionando momentos inesquecíveis ao longo de mais de meia-hora, destacando-se com três espectaculares defesas e sem sofrer um único golo.
Terminou a carreira, aos 33 anos, pouco depois do Mundial-66, onde fez apenas um jogo. No regresso a casa foi surpreendido com a notícia de que estava na lista de dispensas do treinador Fernando Riera. No ano seguinte, já na era de Otto Gloria, foi convidado para ser adjunto do Benfica e integrou a equipa técnica da final de Wembley, com o Manchester United, mas nunca se manifestou seduzido pela carreira de treinador.
Nome: Germano de Figueiredo.
Data de nascimento: 23 de Dezembro de 1932 (Lisboa)
Posição: defesa.
Clubes: Atlético e Benfica.
Selecção: 24 jogos.
Títulos
Campeonato nacional (196 jogos/17 golos): 4 títulos (1960/61, 1962/63, 1963/64 e 1964/65).
Taça de Portugal: 2 vitórias (1961/62 e 1963/64).
Taça dos Campeões Europeus (29 jogos): 2 vitórias (1960/61 e 1961/62).