Pedro Geromel tem uma cláusula de rescisão de cinco milhões de euros, a maior da história do V. Guimarães. Perto de garantir estatuto de comunitário, o central brasileiro fala com tranquilidade do futuro, sem esconder a ambição.
Natural de São Paulo, Geromel deu os primeiros pontapés na Portuguesa dos Desportos. A formação desportiva continuou no Centro da Coroa, Vila Guilherme, até chegar ao Palmeiras. Dois anos depois, sentiu necessidade de mudar.
Aos 17 anos surgia a oportunidade de conhecer Portugal e Geromel cruzou o Atlântico com destino a Chaves, para dar o salto de júnior para sénior. «Cumpri esse sonho», diz o paulistano ao Maisfutebol. «Tinha um contacto, um amigo meu que era o Rodrigo Lopes. Estudámos juntos e ele tinha familiares em Chaves. Houve uma oportunidade e convidou-me a vir para Portugal, sabendo que jogava no Palmeiras e não estava feliz, porque o salto de júnior para sénior era muito difícil. Havia muita concorrência, muito complicado para mim», recorda.
Geromel, nome de ascendência italiana, relembra o baptismo flaviense. «No Brasil todos me conhecem por Pedro. Quando cheguei a Chaves, estava sentado na bancada e o treinador Joaquim Sanches perguntou-me: como é que te chamas? Pedro, respondi. Pedro já temos três, qual é o teu último nome? Geromel. E assim ficou», conta.
A oportunidade de rumar a Guimarães surgiu rapidamente: «Foi o Jorge Amaral que me lançou. Fiz uma boa época no Chaves e o Vitória comprou-me. Quando vi o nome do Vitória, nem hesitei. Em Guimarães foi diferente. Um grande clube, grandes nomes, uma equipa muito boa. Os adeptos são bastantes exigentes e gostam é de bom futebol. Mesmo no ano da descida de divisão fui apoiado e sempre me acolheram muito bem. Isso ajuda quem é mais novo e esta época está a ser fantástica.»
Um gigante de milhões
Agora, o defesa que tritura avançados com delicadeza e soberbo trato de bola encara com naturalidade o facto de ser o jogador com a maior cláusula da história do clube. «Não é justo o que eu ganho!», ri-se, antes de salvaguardar: «Estou a brincar.»

Geromel é um jovem que vive a vida com a mesma clareza com que faz um desarme. «Quando assinei o contrato tinha consciência que tinha essa cláusula. Estou bem no V. Guimarães, tenho contrato até 2012 e não sei se saio ou não», responde, na hora de falar do futuro.
Onde vai parar este miúdo? Ricardo Geromel, irmão do defesa do V. Guimarães, passou a última semana de férias na Cidade Berço, antes de viajar até Itália para tratar do processo da dupla nacionalidade do defesa, que passará a contar como italo-brasileiro. O estatuto de jogador comunitário abre perspectivas irresistíveis.
«Estamos a tratar do assunto. O meu irmão vai a Itália, porque tenho de ficar em Guimarães e não posso viajar, mas estou a tratar da vida pessoal, profissional e posso naturalizar-me», aclara, deixando o futuro em aberto: «Ainda tenho muito de aprender e ganhar na Europa do futebol e Brasil só para férias.»
Representado por Jorge Mendes, o defesa vive descansado: «Deixo tudo nas mãos dele, preocupo-me apenas em jogar futebol e as coisas vão acontecendo naturalmente.»
«Quero aproveitar o momento, o presente. Quero pensar no que posso fazer agora. Todos ambicionamos coisas bonitas, coisas melhores, ser o melhor no que se faz, ser reconhecido e ganhar títulos, é natural. Cada pessoa pode ambicionar o máximo, já que podemos sonhar e não custa nada», sorri.
E, com base na observação das ligas europeias, Geromel opta por um discurso de vencedor: «Naturalmente, a gente aprecia as ligas que mais vê na TV. A italiana, a espanhola, a inglesa, as mais competitivas, as melhores. A Liga taliana é um futebol mais táctico e aprende-se muito. A espanhola é um futebol mais bonito, mais bem jogado e a inglesa destaca-se pelo ambiente. Cada uma tem a sua beleza, a sua vantagem e sinto que encaixava bem em qualquer uma. Gosto de jogar bom futebol», realça o defesa do momento.