Dentro da evolução do desporto e do crescente mediatismo que rodeia os atletas, o agenciamento e a gestão das carreiras tornou-se um elemento quase tão importante como a qualidade dos próprios protagonistas. Tendo em conta a importância desta área paralela, o I.S.C.T.E, no âmbito do curso de pós-graduação em Marketing Desportivo, decidiu organizar um debate subordinado ao tema «Gestão de carreiras desportivas».
Jorge Andrade abriu as hostilidades e destacou a importância de ter alguém que trate de algumas burocracias, de forma a que se possa concentrar exclusivamente no que se passa dentro das quatro linhas: «É muito difícil gerir a carreira. Já é difícil jogar, por isso delegamos noutras pessoas essa tarefa.»
O central português explicou ainda que a sua vida é gerida a dois níveis. A parte do agenciamento desportivo está entregue à empresa Gestifute, do empresário Jorge Mendes; a outra, de âmbito mais diário, está assegurada por um amigo de longa data, Pedro Duque.
Um trabalho que, segundo o próprio assessor, assenta em três áreas: gestão patrimonial, relação com os meios de comunicação social e, por fim, a gestão da imagem e da publicidade. Isto porque, dentro do panorama actual, «um clube não analisa o jogador exclusivamente no plano desportivo». O trabalho conjunto tem uma missão bem definida: «A ideia do futuro é deixar de jogar e continuar com a mesma qualidade de vida», definiu o jogador.
Jorge Andrade confessou que a falta de um assessor começou a sentir-se quando precisou de mudar de cidade, primeiro da Amadora para o Porto, e depois para a Corunha. Talvez por isso outro dos oradores convidados, Jorge Gama, considere que «as necessidades do jogador vão surgindo à medida que a carreira do jogador vai evoluindo».
O empresário, no entanto, rejeita a ideia de que uma boa gestão da carreira desportiva é suficiente para atingir o topo: «São muitos os que se perdem, pois para chegar lá tem de haver estrutura educacional». Por isso, e segundo Duarte Cancella de Abreu, que gere as carreiras de Tiago Monteiro, Carlos Sousa e João Moutinho, é preciso um trabalho diário de acompanhamento, porque «um jogador de futebol ou um piloto de automóvel, hoje em dia, é uma plataforma de comunicação».