O Benfica tropeçou em Barcelos. Num jogo que começou precisamente quando soou o apito final nos Barreiros, a equipa de Jorge Jesus teve uma ocasião de ouro para deixar o FC Porto a seis pontos, algo que não acontecia desde o ano do título. Mas falhou. E falhou não apenas porque teve um Gil organizado pela frente e desperdiçou um pénalti nos descontos pelo regressado Cardozo. Falhou por que foi de menos.

Teve uma primeira parte tépida, demasiado na expectativa e um segundo tempo com apenas períodos de pressão, nunca constantes. Pouco para quem poderia abrir uma autoestrada para aquele que continua a ser encarado como o principal rival.

É verdade que o relvado, muito mal tratado pela chuva dos últimos dias, foi um duro rival. Rodrigo que o diga, no fecho do primeiro quarto-de-hora, quando um tufo de relva (ou um pedaço de lama) o impediu de dar o melhor seguimento a um passe de Lima, na primeira ocasião do jogo.

Mas também se pedia mais ao Benfica. Muito mais. Nem esteve em causa a entrega, visível em vários raides de Markovic, até na defesa, ou na forma como Enzo Pérez procurou esconder o que falta no miolo: Matic, pois claro.

Contra uma equipa com o esquema do Gil, que não muda um milímetro desde o início da temporada, pedia-se um Fejsa diferente. Mais Matic, mais abrangente. Menos fixo. O Benfica sentiu falta de alguém que ajudasse Enzo a empurrar o jogo contra a linha recuada gilista. Teve vontade, faltou rasgo.

Daí que as oportunidades de golo tenham escasseado. Houve um tiro rasteiro de Enzo Perez ao lado e um remate de Siqueira, também forte, também fora do alvo. Pouco. Do lado gilista, porém, ainda menos. Um cabeceamento de Vilela, anulado por fora-de-jogo, foi o lance de maior perigo. Mas, já sabe, era no Benfica que recaíam as maiores expectativas.

Saiu tanto de onde não parecia haver nada

Ao intervalo Jesus conseguiu acordar a equipa. O Benfica entrou melhor, pressionante, mostrando garra de quem sabia ter em mãos uma oportunidade única para colocar mais sal na ferida do Dragão.

Danielson quase fez autogolo após centro na direita, Rodrigo ficou a pedir penalty num lance duvidoso com Vilela, à boca da baliza. Pelo meio, Gaitán, em posição de tiro, enviou ao lado.

O Benfica crescia, o Gil abanava mais do que nunca e ameaçava ruir. Mas ganhou um fôlego de esperança. Em duas decisões de arbitragem, o jogo mudou. Ambas certas, sublinhe-se

Siqueira aborda mal um lance com Brito, é batido e faz falta. Já tinha amarelo, por simulação, viu o segundo.

Parecia a luz que poderia guiar o Gil até um porto que parecia tão distante antes disso. Mas, pouco depois, invertem-se os papéis. Péssima abordagem de Brito a um lance com Gaitan. Pontapé nas costas, dentro da área. Penalty claro que Lima converteu. O jogo pareceu resolvido.

Mesmo com o Benfica em inferioridade numérica não se adivinhava um Gil a causar muito transtorno. Mas a equipa de João de Deus puxou do brio e chegou ao empate.

Luís Martins assustou de livre ganhou canto. Neste a bola chegou a Vítor Gonçalves que, acabadinho de entrar, atirou em jeito. Oblak tentou tirar a bola da baliza mas só confirmou o golo. Mal batido.

Faltavam cerca de vinte minutos e Jesus, ao lançar Cardozo, deu a ordem lógica: carrega Benfica.

O paraguaio teve o golo nos pés em duas ocasiões, qual delas a mais soberana. Primeiro num lance na pequena área que Adriano defendeu por instinto. Depois, no caso do jogo.

Já nos descontos, Djuricic caiu na área sem qualquer falta mas Bruno Paixão assinalou novo penalty. Lima aproximou-se da bola para voltar a bater, mas Cardozo agarrou-a e não mais a cedeu. Quis coroar o regresso com o golo da vitória. Adriano evitou e segurou um empate que deixa o campeonato vivo.

Agora, quem pode sair a lucrar é o Sporting. Se vencer salta para a liderança, com os mesmos pontos do Benfica, mas com melhor ataque e melhor defesa. O tricampeão ficaria a quatro pontos da dupla da capital. Mas este campeonato já mostrou que não adianta especular. Que volte a rolar a bola.