A vontade do Gil Vicente levar o «Caso Mateus» até às últimas consequências começa a provoca algum mal-estar entre o plantel. Alguns jogadores querem jogar e não o podem fazer enquanto o clube continuar a manter o braço-de-ferro com a Federação Portuguesa de Futebol. António Fiúza reconheceu que há insatisfação no plantel e aproveitou a conferência de imprensa para pedir calma. «Os jogadores têm de ter paciência porque nos assiste o direito de lutar pelo que é justo e pela nossa honra», garantiu o presidente.
Até porque por detrás da honra estão também muitos milhares de euros. «O Gil Vicente fez um orçamento de 3,5 milhões de euros para esta época. As receitas na Liga de Honra são de 1.5 milhões, por isso há dois milhões de euros de diferença. Nós não vamos abdicar deles». Mesmo que a crise financeira no clube continue a aumentar. «Todas as nossas receitas estão bloqueadas desde Maio. Não temos nenhum contrato publicitário feito porque não sabemos onde vamos jogar e não recebemos o dinheiro das televisões».
«Temos um mês de atraso no pagamento do salário de meia-dúzia de jogadores»
Ora nesse sentido, e porque começa a falta o dinheiro nos cofres de Barcelos, a insatisfação dos jogadores aumenta. António Fiúza diz que sim, que o clube tem «um mês de salários em atraso com meia-dúzia de jogadores relativo a Maio da última época», mas pede um pouco de compreensão aos atletas. «Há jogadores contratados em Junho que chegaram ao Gil Vicente com seis e sete meses de salários em atraso nos clubes de onde vinham. Nós demos-lhe comida, apartamento, carro e adiantamos-lhe algum dinheiro para as despesas. É preciso não esquecer isso, que nós estivemos cá quando foi preciso ajudá-los».