Três grandes penalidades defendidas. Adriano Facchini segurou com as suas luvas o Gil Vicente na Taça de Portugal evitando uma eliminação confrangedora aos pés do Varzim, equipa do Campeonato Nacional de Seniores. Mais do que o rótulo de herói, Facchini assume o papel de salvador deste conjunto barcelense e evitou que a época que se tem traçado em tons de cinzento recebesse tonalidade negra.

Figura incontornável dos Galos, o guarda-redes brasileiro volta a chamar a si um papel de destaque no conjunto de José Mota, como o próprio refere ao Maisfutebol. «O trabalho de uma semana de toda a equipa estava nas minhas mãos e fiquei feliz por ajudar a passar a eliminatória. Consegui fazer o meu trabalho e senti que fui importante naquele momento», assume Adriano depois de mais um momento em que foi feliz nos castigos máximos.

Uma situação em que o guarda-redes de 31 anos se tem destacado. Já havia eliminado o Braga das meias-finais da Taça da Liga com duas defesas, há duas épocas; desta vez, foi o Varzim a esbarrar na parede formada pelo brasileiro. Não se fica por aqui, também Oscar Cardozo foi vítima da aptidão de Facchini para suster penáltis: na época passada, Adriano defendeu um penálti ao jogador do Benfica no minuto 95, segurando o empate para o Gil.

Uma especialidade que se aprimora a cada treino. «Na semana passada treinámos os penáltis, sabíamos que podia acontecer. Primeiro observamos o adversário, mas isso pode mudar dentro do campo. Por exemplo, o Nelsinho marcou no jogo, mas depois consegui defender no desempate. Depois há o movimento corporal do adversário, que tem de ser bem avaliado. Treinamos e isso e é uma coisa com que me sinto bem», admitiu o guarda-redes que há quatro épocas chegou a Barcelos proveniente do União da Madeira.

Gil no último lugar: «Não sei os motivos»

O conjunto de Barcelos segue em frente na Taça de Portugal depois de ultrapassar o Varzim, adversário que milita no terceiro escalão do futebol português. Uma eliminatória que deixa transparecer ainda mais a época pobre que o Gil Vicente está a realizar, apesar dos elogios deixados por Adriano ao Varzim: «Não foi à toa que eliminou o Estoril, é uma equipa que sabe o que anda a fazer».

Um dos mais experientes do plantel gilista, um dos jogadores com mais anos de casa, um dos capitães. Mais do que isso, uma referência do clube. Que explicações encontra Adriano Facchini para o último lugar ocupado pelos pupilos que começaram por ser orientados por João de Deus e que têm agora José Mota como timoneiro?

«É complicado. Não sei dizer os motivos. O que posso dizer é que a falta de confiança faz-nos entrar em jogo e ter prestações menos boas. O futebol é assim, quando as vitórias não acontecem as coisas tendem em não sair bem. Quando se trabalha em cima de vitórias as coisas saem com mais facilidade. Acreditamos que com uma vitória tudo se altera», revela o guardião do Gil Vicente.

Voz de comando do Gil Vicente, Adriano fala em «vencer esta guerra» e promete trabalho para ajudar a tirar a lanterna vermelha aos barcelenses. «O último lugar deixa-me preocupado, mas não em desespero. É importante não desesperar, ter a cabeça fria e trabalhar cada vez mais», afirma o camisola número 1 do conjunto de Barcelos.

«Não estou acomodado, quero dar o salto»

Na presente edição da Liga, Adriano é o guarda-redes que mais vezes teve de ir buscar o esférico ao fundo das redes. Em dez jornadas, Adriano já sofreu 21 golos, mas, mesmo assim, tem-se cotado como um dos jogadores mais valiosos da equipa. Uma situação agridoce, como o próprio reconhece.

«É sempre negativo ser o guarda-redes mais batido, mas somos uma equipa e a culpa é de todos, não só minha, como não só dos meus colegas. Acredito que não vamos terminar assim. Por outro lado, é bom estar a um bom nível e ser falado. Procuro trabalhar para continuar a realizar bons jogos, independentemente da classificação», assegura Adriano Facchini.

Em final de contrato com o Gil Vicente (o vínculo contratual acaba no final da presente época) Adriano pode começar a partir de janeiro a negociar com outros clubes. O guarda-redes não esconde que gostaria de experimentar outros voos, mas sair com o Gil Vicente nesta situação não é coisa que lhe passe pela cabeça.

«Neste momento, só espero ajudar o Gil, é nisso que estou focado. Estou aqui há quatro anos, mas não estou acomodado. Sinto este clube com carinho, sinto o apoio dos adeptos e vou continuar a ajudar o Gil dando o meu melhor. Era ingrato depois dos últimos anos que passei em Barcelos sair daqui com o Gil nesta situação. Vou fazer tudo para sair daqui com o Gil na primeira», atira Adriano Facchini.

O respeito e a admiração pelo Gil Vicente são-lhe reconhecidos. A representar o emblema de Barcelos pelo quarto ano consecutivo, Adriano é totalista no campeonato. Para além das habilidades a defender grandes penalidades, também costuma ser sinónimo de pontos com defesas quase que milagrosas.

Um talento que, segundo o próprio confirma ao Maisfutebol, lhe confere condições para atingir outros patamares. «Cada treino que cumpro é menos um treino da minha carreira. Cada jogo que faço é menos um jogo da minha carreira. É assim que penso e vou continuar a pensar para poder evoluir a cada nova oportunidade. Gosto de novos desafios, sempre foi assim, por isso quero dar o salto. Sempre trabalhei para isso e pela avaliação que faço penso ter condições para isso», conclui.