O treinador do Gil Vicente, Ricardo Soares, na sala de imprensa do Estádio Cidade de Barcelos, após o triunfo por 3-0 diante do Tondela:

[Sorriso e banho de água dado pelos jogadores na sala de imprensa] Tem um significado tremendo, temos de ter a consciência do que foi feito. Tenho de dirigir-me aos meus adeptos que foram incríveis, com uma postura e comportamento exemplar mesmo quando as coisas não correram bem. Fiz um repto para ter um estádio cheio, obrigado aos adeptos. À estrutura, ao presidente e devo destacar o Tiago Lenho [diretor desportivo] que estava muito perto de nós e deu aquela serenidade e confiança que é precisa em alguns momentos. Nós, treinadores, estamos muito sozinhos e ele nunca me deixou só. Tivemos momentos difíceis também. Aos vários departamentos do clube, todos eles a remar para o mesmo lado. Vou tentar não me comover muito. Existe um valor humano ímpar aqui. Desde os roupeiros, ao departamento de comunicação, não me quero esquecer de ninguém. À minha equipa técnica, às vezes não é fácil lidar comigo, são incríveis, competentes e grandes seres humanos.

Os jogadores: desde o primeiro dia senti que ia ser uma época especial. Estou-lhes muito grato, até porque a minha liderança, às vezes, é muito pela emoção e é difícil para os jogadores lidarem comigo aqui ou ali, mas eles sabem que dou tudo por eles. Acreditámos nisto. À sexta jornada, nesta mesma sala, disse que íamos lutar pela Europa. Senti que tínhamos uma verdadeira família e o clube proporcionava todas as condições. Temos consciência de que ficaremos na história do Gil como os primeiros a atingir a Europa. Sou grato por estar aqui, a quem me deu a oportunidade e por ter ao meu lado pessoas tão especiais.

[Pode igualar o recorde de 53 pontos na próxima jornada] Não é que ande à procura de recordes, andava à procura de outras coisas. Antes de começar a época, se escrevesse objetivos, diria que tudo o que pudesse escrever do melhor foi conseguido. O clube foi valorizado imensamente. A marca Gil Vicente é forte, uma forma de estar. O futebol envolvente, sem artimanhas, demos um exemplo de como promover o futebol em Portugal. Idealizámos um jogo de equipa grande e conseguimos esse feito. Não é fácil jogar como equipa grande e os meus jogadores merecem todos os elogios. Sonhámos e as coisas aconteceram. A minha função foi dar caminhos aos jogadores, fizemos muitos treinos individuais, muitas horas. De certeza que foram para casa chateados muitas vezes, mas hoje são melhores jogadores, o Gil é uma equipa melhor.»