Imagine que o golo de Hélder Postiga, aos 73 minutos do Sporting-V. Guimarães, da 10ª jornada, tinha sido validado porque o árbitro recebera a confirmação através de um sinal electrónico ou de um auxiliar atrás da linha que a bola entrara na baliza de Nilson.
Ou que o mesmo tinha acontecido no Benfica-F.C. Porto de 2004/05, quando Petit rematou para a defesa de Vítor Baía; ou, na perspectiva contrária, que o golo do inglês Geoff Hurst na final do Mundial de 1966, frente à Alemanha, tinha sido, afinal, anulado, naquela que é considerada a mais polémica decisão de sempre.
Tal como a tarefa que lhe foi sugerida, não passam de cenários imaginários. Nenhuma das soluções apresentadas existe, apenas avaliações. É o que acontece, presentemente, com a introdução de mais dois árbitros assistentes no terreno de jogo, e que Portugal vai testar na próxima edição da Taça da Liga, depois de a FIFA ter rejeitado duas tecnologias que ambicionavam pôr fim à polémica dos golos-fantasma.
Decorridos três anos, é na prateleira do organismo que tutela o futebol mundial que se encontram o Hawkeye (sistema que combina as imagens fornecidas por 12 câmaras, junto da baliza), já utilizado no ténis, e a bola com microchip.
«É uma decisão ponderada. Identificámos claramente quão complicados são os dois sistemas. Os resultados não são conclusivos. Entendemos, também, que são sistemas muito caros, que nada acrescentam ao jogo e que são prejudiciais ao papel do árbitro», defendeu Joseph Blatter, aquando do anúncio do «não» à tecnologia na linha de golo.
O microchip falhou num dos sete jogos-teste efectuados durante o Mundial de Clubes de 2007, devido a interferências no sinal enviado ao árbitro, enquanto o Hawkeye «não garante a visibilidade da bola quando há muitos jogadores à entrada da baliza», justificou, ainda, o presidente da FIFA.
Premier League queria Hawkeye já em 2009/10
A Federação Inglesa de Futebol (FA) tinha esperança em introduzir a tecnologia Hawkeye já na temporada 2009/10 da Premier League, clubes e árbitros estavam em sintonia, mas a decisão da FIFA condenou a FA à ilusão do que poderia ser a nova era da verdade desportiva, crentes que estavam na precisão da informação fornecida por este sistema de vídeo.
O Hawkeye, garantem os seus criadores, é um sistema preciso, imediato e supera não só os critérios impostos pelo International Board ao fornecer uma resposta ao árbitro em menos de meio segundo, como a obrigação da FA em não ultrapassar a leitura da posição da bola em cinco milímetros.
O treinador do Arsenal, Arsène Wenger, assumiu-se um fervoroso adepto da tecnologia ao serviço do futebol, que, no seu entender, até poderia funcionar como noutros desportos. «Quero ver o número de decisões injustas reduzidas o mais rápido possível. Devia haver a possibilidade de contestar uma decisão como acontece, por exemplo, no ténis», defendeu.

O médio português Pedro Mendes, actualmente no Glasgow Rangers, foi protagonista de um célebre golo-fantasma, quando em 2005 vestia a camisola do Tottenham. Em Old Trafford, frente ao Manchester United, Pedro Mendes marcou, mas apesar de o guarda-redes Roy Carroll ter defendido um metro atrás da linha de golo, este não foi validado.