A apresentação de Pep Guardiola como treinador do Bayern Munique foi, como podia esperar-se, uma cuidada operação de charme por parte do técnico catalão. Em Munique, ladeado pelas principais figuras da estrutura do clube bávaro - Karl-Heinz Rummenigge, Uli Hoeness e Matthias Sammer - Guardiola começou a conferência de imprensa dirigindo-se a todos num alemão fluente, e pedindo desculpas por eventuais imperfeições: «Estive a viver em Nova Iorque, e não é o melhor sítio para aprender alemão», brincou.
Ainda assim, o técnico catalão mostrou que os meses de preparação lhe permitiram um domínio mais do que razoável, para passar uma mensagem de continuidade em relação aos tempos do Barcelona, com a humildade como pedra de toque.
Perante 250 jornalistas, na conferência de imprensa mais concorrida na história do clube, Guardiola mostrou-se grato pela confiança assumida pelos dirigentes do Bayern que, nas palavras de Rummenigge, já há dois anos que procuravam contratá-lo. O técnico catalão disse que a possibilidade de treinar o Bayern era «um presente» para qualquer treinador e reiterou a ideia de que no seu conceito de futebol, os jogadores têm prioridade sobre o técnico: «As pessoas não pagam bilhete para me ver a mim», lembrou.
Em relação à saída de Jupp Henckes, Guardiola assumiu estar «honrado» por suceder a um técnico com uma carreira «tão longa e com tantos resultados», mas frisou que a sua equipa não vai seguir as pisadas da anterior: «Heynckes fez um trabalho notável aqui e é uma honra suceder-lhe. Eu vou mudar algumas coisas, mas quero manter o nível de rendimento», admitiu.
Guardiola rejeitou ainda ter tido qualquer contacto com o seu antecessor, em especial na preparação dos jogos com o Barcelona, na meia-final da Liga dos Campeões. E frisou que, em sua opinião, o desfecho dessa eliminatória não corresponde à realidade: «Não acredito que 7-0 reflita a diferença entre as duas equipas», admitiu.