Após sete jornadas da Liga Portuguesa, e apanhando a boleia do estudo realizado pelo site Football Industry em parceria com o Maisfutebol, aqui ficam dados para reflexão de todos sobre a presença de jogadores portugueses.

O ano passado mais ou menos por esta altura, a 16 Outubro, decorridas seis jornadas, escrevi sobre a utilização dos jogadores portugueses na nossa Liga. Números nada animadores. Hoje, a 22 Outubro e após paragem da Liga, faço o mesmo exercício com a diferença de ter decorrido mais uma jornada do que a época passada. As contas para seis jornadas apresentam diferenças mínimas, com o Benfica a baixar ligeiramente.

Aproveitei também para perceber a utilização nas equipas que disputam as provas europeias, e apenas por curiosidade, qual a percentagem de utilização na primeira aparição das equipas do principal escalão na festa da Taça de Portugal.

Na Europa, o Vitória de Guimarães teve cerca de 13 pontos percentuais mais jogadores portugueses utilizados do que na Liga e o Benfica mais 4 pontos percentuais. Braga, Estoril e Porto estão em linha com o que habitualmente usam na nossa Liga. E o Paços, que apresenta bons números na Liga, na Europa baixou cerca de 8 pontos percentuais.

Olhando para a festa da Taça de Portugal, ela demonstrou que a maioria das equipas manteve o nível de utilização da Liga.

Surpresas apenas duas.

O Sporting, contra o que tem sido hábito, apresentou a equipa com menos portugueses (4) até então e o Benfica superou os registos, com 5 portugueses utilizados. Apenas menos um do que o total apresentado nas sete jornadas que realizou na Liga.

Virando a atenção para a Liga Portuguesa podemos constatar o seguinte : o top 3 é ocupado por duas equipas que subiram, com o
Arouca a liderar com 72%. Logo atrás, o Paços de Ferreira europeu com 68% (subiu cerca de 6 pontos percentuais em relação aos utilizados na época passada). Termina o pódio com o Belenenses com uns bons 64%.

Como nota significativa a subida do Sporting. De um ano para o outro aumentou em 26 pontos percentuais a utilização de jogadores portugueses, o que diz bem da inversão da sua política desportiva. Ocupa o 7º lugar, com 52%. Bem diferente do passado recente.

Também de realçar as subidas do Marítimo, Vitória de Guimarães e Braga. A equipa de Jesualdo Ferreira, com 57%, passou este ano para a quinta posição, fruto de uma subida de 11 pontos percentuais. Guimarães, com 45%, e Maritimo surgem logo atrás com 42%. Também eles subiram, respectivamente, 14 e 15 pontos percentuais.

Bons indícios. Ligeiras subidas entre os 3 e 4 pontos percentuais tiveram a Académica, nesta altura 45%, o Nacional, 30%, e o Gil Vicente, com 41%.

Em linha com os números do ano passado estão o Vitória de Setúbal, com 60%, o Estoril, com 53%, e o Porto que mantém a penúltima posição com 21%.

Nas descidas uma nota particular para o Olhanense. Desceu cerca de 13 pontos percentuais mas mesmo assim consegue ter 46% e o 8º lugar. O Rio Ave apresenta também uma descida de 6 pontos percentuais, ficando agora no 13º lugar com 31%.

Em último lugar mantém-se o Benfica, com uma ligeira descida para 6% de utilização de jogadores portugueses. Na segunda e sexta jornadas não apresentou nenhum. Apesar disto, a colocação de cinco jogadores portugueses e outros jovens no jogo com o Cinfães levou Jorge Jesus a falar de forma surpreendente. Disse que «a aposta nos jovens é para continuar, o presidente assim quer, é este o caminho do Benfica e eu, dentro da estrutura, também». Os números são muito frios e contrariam claramente este discurso. Esperemos que com a época a decorrer a inversão na estratégia aconteça e possamos falar de mais jovens e jogadores portugueses a competir.

Terminadas as contas é tempo de analisar e verificamos que a média de utilização de jogadores portugueses na Liga é, nesta altura, de 45%. Um aumento de 5 pontos percentuais em relação à época passada.

O que indicam estes números?

Sem dúvida que a
questão económica faz-se sentir. Uns vão-se ajustando e outros alteraram e muito a política desportiva, o que está a ter influência na aposta no jogador português.

Aparentemente só Porto e Benfica não sofrem do mesmo mal. Os discursos acabam por vir nesse sentido, mas a realidade ainda é diferente. Incapacidade para contratar lá fora obrigou a olhar para dentro de portas.

A aposta no jogador português parece estar a ser uma realidade.

Como curiosidade e excluindo Porto e Benfica que continuam no seu caminho, todos os outros clubes que têm equipas B aumentaram a utilização de jogadores portugueses na equipa principal. A criação das equipas B foi feita para isto mesmo: para já o resultado está a ser positivo.

Não vejo alternativa para o futebol português que não seja a aposta no jogador nacional. Para já não é significativo, mas os números estão a querer dizer algo. Lentamente, é verdade, mas este é o caminho. Não há outro.