O primeiro dia do mês de Maio tem, a partir de agora, uma segunda conotação associada. Além de assinalar o Dia Internacional do Trabalhador, marca também o fim de uma era no futebol europeu. Foi precisamente a 1 de Maio deste ano que o Bayern de Munique, de Jupp Heynckes, empurrou o Barcelona para fora da Liga dos Campeões, com um aglomerado de 7-0 (!), e colocou um ponto final no domínio catalão.

Os alemães levaram tudo o que lhes apareceu pela frente: Supertaça Alemã, Taça da Alemanha, Bundesliga e Liga dos Campeões. Mas nem sempre houve só sorrisos na Baviera. Em 1999, a equipa de Ottmar Hitzfeld caiu, com estrondo, em Camp Nou, ao deixar escapar, entre os dedos, uma Liga dos Campeões no período de compensação que foi festejada pelo Manchester United de Sheringham, Solskjaer e companhia. Apesar da enorme decepção, os bávaros ganharam adeptos e nesse mesmo ano nasceu, na Madeira, uma equipa de futebol amador - apenas participa em torneios - que utiliza o uniforme oficial do Bayern. E começou precisamente com o mesmo equipamento que Effenberg, Basler e Matthäus vestiram na terrível noite de Barcelona.

«Além do Benfica, meu clube do coração, sempre tive uma admiração pelo Bayern de Munique. Sou casado com uma alemã que vem de uma família de adeptos do Bayern. Além do mais, aquela equipa tinha um jogador que eu admirava: Mehmet Scholl», conta ao Maisfutebol Romão Neto, 44 anos, o principal impulsionador do projeto, juntamente com Octávio Barbosa, fã de Oliver Kahn, e Manuelito.

Todo o processo de criação da equipa é rocambolesco. Romão Neto, numa das viagens que efetuou a Munique para visitar a família da esposa, foi convencido, pelo tio da mulher, a ir ao open-day dos bávaros. Ficou encantado, privou com vários jogadores e decidiu comprar o equipamento oficial.

«No centro de treinos fomos recebidos pelo Uli Hoeness [atual presidente do emblema germânico]. Expliquei-lhe o que pretendia e ele disse-me que tinha um equipamento que tinha sido usado na Liga dos Campeões. Achei impressionante o director desportivo não ter problemas em tratar de tudo. Comprámos 16 conjuntos completos (camisola, calção e meia) a um preço muito especial. Daí para cá, já adquirimos mais dois», lembra com orgulho.

Máquina de ganhar

À semelhança da equipa de Heynckes, o Bayern da Madeira é uma verdadeira máquina de triunfos. Em 14 anos de existência já levantaram 13 canecos de campeão, foram duas vezes segundos e uma quartos, isto já para não contar os troféus de melhor marcador e melhor guarda-redes.

«Conseguimos ganhar muitas vezes porque, além da qualidade dos jogadores que por cá passam, temos um bom grupo e, por isso, quem joga connosco fica sempre com saudades. No início, quando começámos a ganhar, enviávamos fotografias para o Bayern a dizer que tínhamos sido campeões, mas nunca obtivemos resposta», sublinha Romão, elemento que encabeça uma espécie de estrutura onde ainda existe um diretor desportivo, Jorge Encarnação, e um treinador, André Escórcio.

Na Madeira não há Robben, Ribéry ou Schweinsteiger. Mas, ao contrário do que se possa pensar, também lá jogaram futebolistas mediáticos como Joel Santos (representou o Marítimo durante seis temporadas), Marco Freitas (jogador que passou pelo Varzim, União da Madeira e Frenaros do Chipre) e Duarte Nuno (jogou no Nacional de Jair Picerni no início da década de 90).

Perante tantos sucessos, já houve uma tentativa de inscrever a equipa nos regionais da Madeira. Mas, por falta de orçamento, a ideia ficou adiada. Mas não está esquecida.

«Gostávamos, no futuro, de conseguir participar nos campeonatos regionais. Mas as exigências são muitas: é preciso uma caução, um departamento médico, estádio, etc., etc., etc. Como ainda não é possível vamos continuar a entrar em torneios e estamos a planear uma viagem de grupo ao estádio do Bayern», rematou com um sorriso nos lábios. O aviso a Guardiola está feito...