O problema de uma esperança é, quase sempre, quando esta se revela infrutífera. Afinal de contas, e falando no futebol, qual é o limite da paciência para esperar por um jogador? Hélder Barbosa prova, aos 24 anos, que todos os elogios recebidos durante o trajecto na formação não foram em vão. O processo de maturação parece caminhar para a fase final. O avançado do Sp. Braga deixará de ser uma esperança. E, nesta altura, está muito mais perto de ser uma certeza que uma desilusão.

O momento de forma actual justifica esta incursão do Maisfutebol pelos meandros de um jogador que, outrora, foi um projecto de dragão, mas que ganhou embalo com o traje de guerreiro do Minho. Até há bem pouco tempo, Hélder Barbosa era recordado como mais um entre uma fornada de jovens extremos com potencial que o F.C. Porto projectou há uns anos. Hélder Barbosa fez sete partidas com a camisola azul e branca e passou por Académica, Trofense e V. Setúbal para conseguir a afirmação.

«O talento sempre existiu, faltava a necessária maturação. Iniciou a época com o lugar em perigo mas agarrou a oportunidade que teve e mostrou para o que está aí», afirma Tulipa, que o treinou no Trofense. O actual técnico do Sp. Covilhã vê algumas diferenças do Hélder que conheceu para o actual: «Ficava longe das zonas de decisão. Era ele que cruzava, que assistia, mas não marcava. A principal diferença está aí.»

O período de maturação no futebol é sobretudo um período onde se aprendem a tomar boas decisões e foi isso mesmo que aconteceu ao futebol do bracarense. «Muitas vezes abusava do drible, porque sabia que tinha capacidade para isso. Comparavam-no ao Quaresma e é verdade que são parecidos, mas isso também foi a grande perdição dele. Agora usa melhor os tempos, em vez de estar constantemente a driblar», explica Tulipa.

O dia em que marcou sete golos num jogo

Natural de Paredes, foi muito novo para o F.C. Porto. Pedro Duarte, amigo de longa data e jogador do clube da terra, conhece-o como poucos. «Tinha oito anos, talvez, quando foi para o Porto. O sonho dele sempre foi jogar futebol. Ele acreditou no sonho dele e felizmente as coisas foram correndo da melhor maneira», conta, ao nosso jornal.

O sonho tornou-se em realidade e o presente volta a ser...de sonho. Ainda nem sequer terminou o mês de Setembro e esta já é a época mais produtiva de Hélder Barbosa, com cinco golos. «Tenho falado com ele e, logicamente, está radiante. Está a ser um momento muito bom para ele e só pensa em aproveitar esta boa fase. Ele sabe que tem de trabalhar para que esta fase não caia no esquecimento», diz Pedro Duarte.

Young Boys, V. Setúbal, Gil Vicente e Birmingham já ficaram a conhecer melhor este jovem extremo que, um dia, até foi um grande goleador. «Uma vez, ainda no Paredes, tivemos um jogo com o Paços de Ferreira. Ganhámos 8-0 e o Hélder marcou sete golos... Na formação há uma diferença maior entre quem tem qualidade e quem não tem. As dele já começavam a despontar», lembra o amigo.

«É baixo? No Barça ninguém jogava à bola...»

Agora, o que falta? Manter, dirão alguns. Melhorar, responderão os mais ambiciosos. Como Tulipa: «Tem potencial para ir mais além. Selecção? Eu defendo a ideia de que a selecção deve dar espaço a quem está melhor no momento e nesse sentido o Hélder é uma solução.»

Para trás ficou o F.C. Porto, clube do coração de quem se desvinculou em 2010 para abraçar o Minho. Ainda assim, está na história do clube. Participou na inauguração do Estádio do Dragão. Era o mais novo dos jovens chamados por Mourinho para o duelo com o Barcelona... que estreava Messi. «Falei com ele nesse dia e foi uma alegria enorme. Ele tinha 16 anos e ia jogar na inauguração do Dragão. É um momento para guardar», defende Pedro Duarte.

Messi de um lado, Barbosa do outro. O futebol não é só para gigantes. Tulipa deixa mesmo essa ideia, em jeito de conclusão: «Se ser baixo fosse um problema os jogadores do Barcelona não jogavam à bola.»