O que têm em comum Miguel Garcia, Bruno Basto, Paulo Santos, Marco Paulo e Ávalos? Fazem parte do sétimo estágio do Sindicato de Jogadores para atletas desempregados, que decorre até 31 de Agosto, em Lisboa e Gaia. Nomes sonantes com passados distintos, mas com o mesmo objectivo de encontrar um novo rumo.
«Não tem sido fácil devido à lesão que tive, contra as lesões não se pode fazer muito mais, tem de se recuperar para voltar outra vez aos relvados, que é o que mais quero e estou à espera de uma oportunidade para mostrar novamente o meu valor», começou por dizer Miguel Garcia, em conversa com o Maisfutebol.
«Aparecer» e mostrar a clubes e treinadores que ainda tem muito para dar ao futebol é o mote do defesa de 26 anos. «Neste momento ainda não apareceu nenhuma proposta concreta, mas estou a trabalhar para que alguma proposta chegue e possa voltar a jogar», contou.
O antigo jogador do Sporting será sempre o herói de Alkmaar, o rosto da presença leonina na final da Taça UEFA, mas mais importante que recuperar a imagem é o regresso à competição. Está optimista de que o vai conseguir, até porque a lesão no joelho esquerdo, sofrida em Itália, quando deixou Alvalade pelo Reggina, já não passa de uma má memória. «Contra as lesões não se pode fazer nada, mas quando um jogador não está a jogar, por não ser opção, pode sempre trabalhar e treinar a 100 por cento», lembrou.
«Não têm de ter medo de apostar no jogador português»
Para Bruno Basto, a Rússia revelou-se uma má opção. Há quatro meses que o Shinnik não lhe pagava ordenado, situação insustentável para o antigo defesa do Benfica e do Bordéus. «Só há cerca de dez dias sou um jogador livre, depois de rescindir com justa causa por falta de pagamentos», contou.
No estágio do Sindicato encontrou a preparação física que o momento exige para poder abraçar um novo projecto. Os treinadores Zé Carlos e Rebelo e o coordenador Marinho, também eles antigos jogadores, não têm dúvida que orientam um grupo com qualidade, o melhor dos sete anos de estágio, opinião partilhada por Bruno Basto.
«Há aqui jogadores que jogariam facilmente na primeira liga. Falta, se calhar, um pouco de coragem dos dirigentes de apostarem nos jogadores portugueses», defendeu o jogador, que espera recuperar a competitividade necessária «para quando aparecer uma possibilidade estar nas melhores condições».
Se pudesse aconselhar os dirigentes portugueses, chamava a atenção para o mercado nacional. «Não têm de ter medo de apostar no jogador português. O problema em Portugal é que valorizamos muito mais o trabalho de um estrangeiro independentemente da qualidade. No estrangeiro é o contrário. Temos de provar todos os dias que somos melhores.»
O lateral esquerdo Valdir, companheiro de Miguel Garcia no Sporting, foi o primeiro a encontrar clube, aceite a proposta do Rio Ave. O defesa Torres, que deu nas vistas ao serviço do Estoril, rumou ao Doxa, do Chipre. Menos dois candidatos entre meia centena (Lisboa e Gaia), ausências garantidas no torneio FIFpro deste fim-de-semana, em Cannes.
«Vejo aqui muita qualidade, que noutros tempos do futebol era impossível estarem desempregados», reiterou Marinho.