Juary é um nome que perdura na memória dos portistas. Herói na conquista da Taça dos Campeões Europeus em 1987, o brasileiro já há muitos anos que não joga futebol, tendo passado por momentos obscuros da sua vida, com muitos problemas económicos e familiares. Hoje em dia, aos 46 anos, parece atravessar uma fase mais positiva, pois aceitou o projecto de treinar os Berretti (juvenis) do Avellino, uma equipa italiana onde jogou ainda antes de representar o F.C. Porto.
Chegado há dois meses à «bota da Europa», já aproveitou o facto dos dragões estarem por lá para conversar com Pinto da Costa e Reinaldo Teles. Deseja estreitar relações, porque continua a ter «um enorme fascínio por Portugal e pelo clube». A oportunidade de regressar ao Avellino era «um namoro antigo, com mais de três anos», mas que só agora se concretizou «porque mudou a direcção, tem umas pessoas que eram garotos quando eu lá jogava e que agora sentem uma alegria» por poderem ter Juary por perto.
«Feliz» por estar em Itália, até porque vai em primeiro no campeonato de juvenis, assegura ainda ser reconhecido na rua e até há quem lhe faça pedidos especiais. «Deixei uma marca e as pessoas ainda perguntam por que é que eu não volto a jogar para ajudar o clube, mas com 46 anos e dez quilos a mais já não dá. As pessoas gostam muito de mim», conta o ex-jogador que vestiu a camisola do Avellino em 82/83 e daí se transferiu para o Inter de Milão no final da temporada. Não foi feliz pelos nerazzuri, onde jogou apenas uma temporada, tendo sido sucessivamente emprestado ao Ascoli, Cremonese e¿ F.C. Porto.
«San Siro vazio é vantagem»
«No Inter foi um ano para esquecer em termos de futebol, pois não consegui praticamente render nada. Aprendi muita coisa a nível humano, mas futebolisticamente nada», lembra, contando como é que se mudou para Portugal: «Na altura tinha duas possibilidades, ou ia para o Porto ou regressava ao Santos. Optei por Portugal porque tinha um fascínio, como tenho até hoje. Quem me convenceu na altura foi Luciano D¿Onofrio, um empresário que era amigo de Artur Jorge, e falou-me muito bem nele. Isso pesou muito na decisão e é claro que não me arrependo nada. Como é que posso? Fui campeão português, campeão europeu, campeão mundial, conquistei a Supertaça Europeia».
Portista de coração, Juary acompanha o clube de perto e, por isso, espera que ultrapasse o Inter de Milão com uma vitória. «O clima no Inter não é bom, porque há uma certa desconfiança do treinador. O próprio balneário está meio dividido, entre italianos, argentinos e brasileiros», advoga, considerando que os milaneses vão fazer «tudo» para vencer este jogo. Na sua opinião, porém, «se o Porto jogar com o mesmo espírito e vontade que teve no Dragão, nunca perde essa partida».
Quanto ao facto da partida se realizar num estádio vazio, o brasileiro não tem dúvidas que isso será positivo: «É excelente para o Porto e um motivo mais para vencer. Os adeptos do Inter fazem a diferença, e assim o Porto vai ter calma para jogar, não tendo qualquer sem pressão, por isso acredito que tem tudo para fazer uma grande partida e sair dali com uma vitória».