Chama-se River Rhodes, tem sete anos e tornou-se uma das figuras mais queridas no futebol inglês. Desde que lhe foi diagnosticado um rabdomiossarcoma, ou seja, um tumor dos tecidos moles, o menino transformou-se numa inspiração para crianças em dificuldades.

Está tudo documentado nas redes sociais, onde os pais criaram o projeto River, o campeão - RR7. É por lá que o menino tem cumprido a missão de «espalhar o amor ao futebol».

O objetivo, diz o pai Ryan Rhodes ao Maisfutebol, passa por, através de imagens de carinho com craques do futebol, servir de inspiração para outras crianças a viver momentos difíceis.

«O River adora futebol, tem que estar sempre com a camisola de um clube vestida ou a chutar a bola. Sabe tudo sobre futebol, sabe o número da camisola dos jogadores, sabe em que posição jogam e como jogam. E esse espírito dele acaba por nos guiar a seguir o que realmente somos: é o caminho dele na vida, espalhar o amor ao futebol.»

Este caminho levou-o a muitos lugares, mas já lá vamos.

Convém, antes de mais, regressar ao início desta história, para dizer que tudo começou quando o pequeno River apareceu com um olho em mau estado. A mãe chamou o médico, que lhe disse ser uma infeção bacteriana e aconselhou limpar bem o olho.

Os dias passaram, o menino não melhorou e a mãe tentou marcar uma consulta com um especialista. Foi-lhe respondido que naquela altura não havia consultas presenciais, apenas virtuais, a mãe enviou uma fotografia do olho e o especialista receitou um antibiótico.

Mas a verdade é que River continuava a não melhorar e a mãe levou-o então duas vezes ao hospital. Na primeira vez foi diagnosticado com rinite alérgica, da segunda vez foi dito à mãe que havia um nódulo que podia ser cancerígeno e que era necessário fazer uma biópsia.

O menino foi então levado para casa, mas apenas para celebrar o sétimo aniversário. No dia a seguir tinha de regressar para retirar o nódulo do olho e fazer a biópsia.

Quando o resultado chegou, as notícias confirmaram as piores suspeitas: era um tumor cancerígeno nos tecidos moles do olho. A criança devia começar de imediato um tratamento de radioterapia e posteriormente um tratamento de doze meses de quimioterapia.

«Já terminou a radioterapia, que foi um tratamento intenso de seis semanas, todos os dias, com ele a dormir. Agora está a fazer quimioterapia, que vai até dezembro», diz o pai.

«Por isso ainda estamos na luta. Estamos a vencer, mas ainda na luta.»

River é, de resto, natural de Wolverhampton, onde vive com os pais, que são vendedores de automóveis. Devido às especificidades do tratamento, teve de viajar para Manchester, onde realizou a radioterapia. Agora faz quimioterapia num hospital pediátrico de Birmingham.

Ora foi em Manchester que o projeto River, o campeão começou. Através das iniciativas de apoio à comunidade, a criança conheceu o capitão Harry Maguire, de quem se tornou amigo.

Foi convidado a ir a Old Trafford e fez amizade com outros atletas.

«As pessoas do Manchester United foram realmente muito simpáticas. Os jogadores receberam-no de uma forma brilhante e cuidaram verdadeiramente dele. Qualquer pessoa que conheça o River instantaneamente vê o quanto ele ama o futebol», conta o pai.

«Ele vai aos estádios, conhece essas estrelas do futebol e fala como se fossem seus amigos desde sempre. Não fica nem um pouco nervoso. A determinação e a força dele fizeram com que até os melhores jogadores do mundo o admirassem. Por isso, queremos tentar ajudar outras crianças através do futebol, mostrar-lhes como apoiar uma equipa lhes dá algo para olhar em frente, algo pelo qual torcer. Algo para amar e seguir.»

Depois de ir a Old Trafford e conhecer os jogadores, River voltou outra e outra vez. Esteve até em alguns jogos fora de casa. Sempre próximo dos atletas.

Ronaldo foi um dos craques que se deixou impressionar. Por isso o português utilizou uma foto com o rapaz de sete anos para mandar uma mensagem ao mundo.

«As crianças são e sempre serão a melhor coisa que o mundo tem para oferecer, e devemos protegê-las a todo custo. Os adeptos são o melhor do futebol, e devemos respeitar tudo o que eles enfrentam e suportam por seus clubes», escreveu Cristiano Ronaldo nas redes sociais.

Ora o pequeno River é que não ficou por aqui. O pai e o avô são adeptos de toda a vida do Wolves, ou não fossem eles de Wolverhampton, o miúdo também apoia o clube, mas, como diz o pai, «é um menino, ele gosta de todas as equipas que vê jogar».

Por isso, e depois dos craques do Man. United, o miúdo conquistou os jogadores do Wolves, que não escondem a satisfação quando o veem no Molineux. De Bruno Lage a Moutinho, de Coady a Ruben Neves, o plantel juntou-se à luta por espalhar o amor ao futebol.

«O futebol aproxima as pessoas. O futebol deve ser sobre orgulho, amor, felicidade e paixão, e é isso que o River tem com fartura», diz o pai.

Depois do Man. United e do Wolves, o menino já visitou o Oldham, o Watford, o Blackburn, o Liverpool, o Manchester City, o Bolton, o Everton e não quer por aqui.

A ideia é continuar a espalhar amor ao futebol sem pensar em mais do que isso.

«Planos? Nós não fazemos planos. Só queremos seguir o nosso caminho, um dia de cada vez, pensando positivo e tentando aproveitar a vida. Temos muita gente a entrar em contacto connosco e continuamos em frente, sem nenhum plano a não ser melhorar a saúde do River.»