15 de Abril de 1989 é uma das datas mais negras da História do futebol mundial. Nesse dia, em Sheffield, 96 adeptos do Liverpool morreram e 766 ficaram feridos, no rescaldo de graves falhas de segurança no estádio de Hillsborough, antes da meia-final da Taça de Inglaterra entre os «reds» e o Nottingham Forest.

As causas da tragédia estão, agora, mais perto de ser amplamente esclarecidas, depois da decisão do governo de David Cameron de permitir o acesso público à documentação relacionada com a actuação das forças de segurança em todo o processo.

Quatro anos depois da tragédia do Heysel, antes da final da Taça dos Campeões, entre Juventus e Liverpool, as consequências da tragédia de Hillsborough mudaram a face do futebol inglês e europeu, no que diz respeito às questões de segurança, em especial pelo fim de lugares de peão e das vedações que separavam as bancadas do relvado.

O relatório Taylor, que fez o rescaldo do sucedido, apontou «graves falhas de controlo policial» como principais responsáveis pela tragédia, mas as famílias das vítimas nunca deixaram de apontar a necessidade de ir mais fundo no apuramento de responsabilidades. Em especial porque, numa primeira fase, os media apontaram os próprios adeptos como responsáveis pelo sucedido, uma tese desmentida pela documentação entretanto conhecida.

A luta dessas famílias pode ter tido um passo decisivo nesta terça-feira, com o anúncio de que vária documentação relativa ao processo de Hillsborough será tornada pública, após um debate entre deputados ter concluído favoravelmente pela sua divulgação. A medida resulta de uma petição assinada por mais de 139 mil pessoas, que exprimia o desejo de ver o assunto novamente discutido em sede parlamentar.

Theresa May, responsável pela administração interna do actual governo, assumiu o «empenho na total transparência relativa aos factos do desastre de Hillsborough» e, em declarações à Câmara dos Comuns, formulou um pedido de desculpas pela ansiedade provocada nas famílias das vítimas devido a anteriores recusas de libertar documentação.

A divulgação dos documentos será processada por um painel de especialistas, com Theresa May a garantir solenemente que não haverá cortes nem censura, à excepção de aspectos que possam envolver a vida privada dos envolvidos: «O governo nada fará para travar a divulgação de tudo o que o painel de especialistas julgar necessário», prometeu.