José Antunes tem 52 anos, e é Padre na cidade de Guimarães. O Padre Antunes, como é assim conhecido, cultiva outras paixões para além de espalhar a palavra de Deus. O seu amor pelo futebol é eterno e ainda é mais antigo que a sua carreira religiosa.
O seu primeiro contacto com a bola ocorreu ainda em pequeno, com os amigos e irmãos no adro da Igreja de Creixomil onde nasceu. José Antunes desde cedo teve fome de bola, facto que o levou aos altares de algumas igrejas na cidade de Guimarães. Uma história no mínimo curiosa.
Força divina nas eleições do Vitória
José não prestava muita atenção às palavras do Sr. Padre, que apelava ao facto de Jesus precisar de novos seguidores, até ser dita a frase certa: quando lhe foi explicado que «no Seminário se podia jogar futebol sem os puxões de orelha dos pais e padre da paróquia» originados por vidros e plantas partidas, José Antunes não pensou duas vezes. Tinha encontrado a sua vocação, «muito alimentada pela possibilidade de jogar à bola», tal como nos explicou.
«Senti-me na obrigação de ajudar o Serzedelo»
17 anos após esta conversa, era José Antunes que vestia a batina e a estola na igreja de São Sebastião. Como é óbvio o futebol não foi esquecido. Foi nesta altura que o Padre Antunes assumiu cargos menores no clube da sua terra natal, até que em 1992 chega à presidência. Presidente e Padre, José Antunes conduziu as duas carreiras até o ano de 2000, altura em que findou a sua função como dirigente máximo do Serzedelo.
Um interregno de 8 anos deixaram o Padre Antunes afastado do cargo de dirigente desportivo até que em 2008 voltou à acção. Padre Antunes acorreu aos pedidos de amigos seus: «Eu não queria nada voltar a ser presidente do Serzedelo, mas senti-me na obrigação de acolher e cumprir os pedidos de amigos meus dentro do clube. E foi assim que voltei para lá».
A sua paixão pelo futebol vai além fronteiras: para além de Presidente do Serzedelo e sócio do Vitória de Guimarães, o Padre Antunes é também sócio de um dos gigantes do futebol mundial. O Barcelona é a sua outra grande paixão. «Para além de adorar a cidade, o Barcelona faz jus ao seu slogan. É de facto muito mais que um clube. O que mais me fascina é a componente social e o espírito inconfundível que lhe é inerente» explica o Padre Antunes.
José Antunes não pode estar sempre presente no Camp Nou devido à sua profissão, mas sempre que pode dá lá um saltinho. «Quando vejo que tenho um fim de semana mais calmo e que posso pedir a algum colega para me substituir da igreja, não hesito e viajo até Espanha. Aquele clube é o sentido do povo da Catalunha».
E precisamente na Catalunha já assistiu a vários jogos dos «culés» contra equipas espanholas mas também com equipas de outros países como o Liverpool ou o Santos. Mas de todos os jogos que assistiu por terras espanholas, o que ainda guarda na memória teve lugar na casa do eterno rival do Barcelona: o Real Madrid. O jogo contava para a Taça do Rei e ainda se lembra que « o Figo marcou dois golos na vitória do Barça sobre o Bétis de Sevilha por 5-3».