24 de abril de 2018. No regresso de uma folga gozada após uma vitória importante na fase de manutenção do campeonato romeno, o joelho direito de João Diogo cedeu quando tocou com o pé no chão depois de um salto.

O lateral português, adaptado no Gaz Metan às posições de médio-centro e extremo-direito, percebeu logo que era grave. Até à data, apresentava um mapa de lesões praticamente imaculado. A pior tinha sido uma microrrotura quando ainda estava na equipa B do Marítimo e teve de parar algumas semanas.

Mas esta foi pior: os exames detetaram uma rotura do ligamento cruzado anterior, que o obrigaria a parar por um período nunca inferior a seis meses.

A conversa entre João Diogo e o Maisfutebol acontece um dia após o jogador ter recebido uma das melhores notícias dos últimos meses, talvez a melhor depois do nascimento do segundo filho, ainda nas primeiras semanas de um longo processo de recuperação.

«Fui ao Porto, fiz um exame a nível de força, uma ressonância e está tudo bem. O Dr. Noronha, que me operou, passou-me uma carta a dizer que estou apto para voltar aos treinos», conta.

João Diogo durante o processo de recuperação: nos primeiros quatro meses fazia duas sessões diárias de fisioterapia com duas horas cada

O jogador de 30 anos não tem problemas em assumir que no último meio ano teve a mente assaltada por receios e angústias. «Nunca estive tanto tempo parado e por vezes penso muito nas coisas. Claro que o medo de ser esquecido também existe. O futebol é o momento: quando estás bem, toda a gente fala de ti; quando desapareces um pouco, cais no esquecimento. Isso ainda é mais duro para quem tem dois filhos e está sem receber há seis meses.»

As incertezas marcaram o quotidiano recente de João Diogo, que até há dois anos apresentava uma carreira regular e pautada pela estabilidade. Subiu a pulso até se afirmar no Marítimo, clube onde se formou e do qual só saiu em 2016 para o Belenenses. «Sempre pensei em fazer toda a carreira no Marítimo, mas nem sempre as coisas correm como queremos. Há dois anos tive de deixar o coração de parte e decidir o que era melhor para mim e para a minha família.»

Depois de uma época positiva nos azuis, João Diogo perdeu espaço em 2017/18, já depois de ver gorada uma oportunidade para se transferir para o futebol romeno. Em janeiro deste ano, assinou pelo Gaz Metan por seis meses. «No início tive alguns receios, porque era a primeira experiência no estrangeiro. Mas os meus empresários disseram-me que havia lá vários jogadores portugueses e isso facilitou a adaptação.»

Quando se lesionou, somava dois golos em nove jogos e tinha sido titular em todos eles. «Gostei da experiência. Na Roménia, a realidade é diferente em termos de profissionalismo, mas o futebol é bom. Mesmo depois da lesão, os responsáveis do clube foram certinhos comigo: pagaram-me tudo e até a operação», recorda.

Por ser um jogador livre, João Diogo está livre para se comprometer com qualquer equipa fora das janelas de mercado. Admite que ainda precisa de readquirir alguns índices físicos, mas que o mais difícil já ficou para trás. «Em janeiro já estarei mais do que a 100 por cento», garante.

Até agora, houve propostas de clubes estrangeiros e não mais do que abordagens de Portugal. Em breve, será a hora de virar a página e voltar a ser feliz dentro das quatro linhas. «Essa seria a melhor prenda de Natal que eu poderia receber. Vou mostrar que o João Diogo ainda está vivo!»