São 725 jogos pelo Real Madrid, 167 pela seleção espanhola e 107, para já, ao serviço do FC Porto. Os mais fortes no cálculo mental, a esta hora, já chegaram à conclusão: Iker Casillas soma, nesta altura, 999 encontros na sua carreira como sénior, pelo que o jogo 1000, número redondo e mítico, só ao alcance de muito poucos, será, tudo indica, no Restelo, esta segunda-feira.

Refira-se que estes números não contemplam a carreira de Casillas nas seleções jovens de Espanha nem nas equipas de formação do Real Madrid, incluindo o Castilla. São, pura e simplesmente, os dados ao mais alto nível do guardião espanhol, desde a estreia ainda no século XX até aos tempos atuais.

Casillas prepara-se para ser o 21.º jogador a atingir a barreira dos 1000 encontros como sénior, entre aqueles que fizeram carreira ao mais alto nível, claro está. A lista é encabeçada pelo inglês Peter Shilton e é dominada por guarda-redes.

É do senso comum que a carreira de um guardião é mais longa o que ajuda a explicar o domínio destes entre os 20 jogadores com mais jogos disputados. Os três primeiros são todos guarda-redes (Shilton, Rogério Ceni e Ray Clemence) e são cinco entre os dez com mais jogos que ocupam lugar entre os postes.

Jogadores com mais jogos na carreira:

1. Peter Shilton (Inglaterra), 1377 encontros oficiais

2. Rogério Ceni (Brasil), 1234

3. Ray Clemence (Inglatera), 1114

4. Roberto Carlos (Brasil), 1102

5. Javier Zanetti (Argentina), 1102

6. Pat Jennings (Irlanda do Norte), 1088

7. Tony Ford (Inglaterra), 1080

8. Djalma Santos (Brasil), 1065

9. Allan Ball Jr, 1045

10. Gianluigi Buffon (Itália), 1043*

11. Raúl (Espanha), 1034

12. David Seaman (Inglaterra), 1030

13. Paolo Maldini (Itália), 1028

14. Ryan Giggs (País de Gales), 1027

15. Graham Alexander (Escócia), 1024

16. Frank Lampard (Inglaterra), 1019

17. Timmy Simons (Bélgica), 1016*

18. Noel Bailie (Irlanda do Norte), 1013

19. David James (Inglaterra), 1011

20. Tommy Hutchinson (Escócia), 1000

21. Iker Casillas (Espanha), 999*

*- Ainda em atividade

Uma das defesas mais famosas da carreira de Casillas

Iker Casillas será, assim, mais um membro do restrito clube dos 1000 e, para assinalar a data, o Maisfutebol fez a recolha de todos os «números redondos» da carreira do guardião espanhol. De setembro de 1999 a abril de 2018, Casillas construiu um legado, repleto de títulos, noites felizes e momentos que o eternizaram.

Jogo 1: Athletic Bilbao-Real Madrid, 2-2 (12 de setembro de 1999)

Era a 3.ª jornada da Liga espanhola. O Real Madrid de John Toshack tinha no alemão Bodo Illgner o dono da baliza, mas uma lesão no ombro, levou a um improviso na visita a San Mamés. Então com 18 anos, saltou para a baliza Iker Casillas. Foi o primeiro capítulo da história. Julen Guerrero, de livre direto, marcou-lhe o primeiro golo da carreira.

Jogo 50: Real Madrid-Galatasaray, 1-2 (25 de agosto de 2000)

Casillas ganhou o lugar a Illgner e arrancou a época seguinte na baliza do Real Madrid. Fruto da vitória na Liga dos Campeões na época passada, na final com o Valência, havia direito a tentar também a Supertaça Europeia.

O Galatasaray constituía a base da seleção turca que tinha chegado aos quartos de final do Euro 2000. A esses juntava-lhe Gheorge Hagi, Taffarel e Mário Jardel. O Real Madrid dava os primeiros passos depois da polémica do Verão, com a contratação de Luís Figo.

Levaram a melhor os turcos, com bis de Jardel, o segundo já no prolongamento.

Jogo 100: Real Madrid-Bayern Munique, 0-1 (1 de maio de 2001)

Ainda não foi à terceira que Casillas venceu um jogo com «número redondo». O jogo 100 foi um dos mais importantes daquela época. Nas meias-finais da Liga dos Campeões, o Real recebia o Bayern Munique, mas perdia 1-0 em casa.

Giovane Elber fez o golo, num lance em que Casillas até poderia ter feito melhor, embora a bola aos saltos na relva seja um lance clássico que trai o guarda-redes. O espanhol teria de esperar para voltar a uma final da Champions. Mas não muito. Ganhou-a no ano seguinte, frente ao Bayer Leverkusen, no jogo onde nasceu, verdadeiramente, o cognome «San Iker».

Jogo 200: Real Madrid-Rayo Vallecano, 3-1 (5 de abril de 2003)

Mesmo perdendo, a espaços, a titularidade para César, Casillas haveria de chegar ao jogo 200 cerca de dois anos depois do jogo 100. Aconteceu na 28.ª jornada da Liga 2002/03 e, finalmente, a vitória sorriu-lhe num dia marcante.

Triunfo por 3-1, depois de ter sido o rival a marcar primeiro. A vitória veio do banco: Morientes bisou e Portillo, então uma promessa emergente do Real, fez o 3-1 final. O Real Madrid seria campeão nesse ano, dois pontos à frente da Real Sociedad.

Uma carreira com muito para festejar

Jogo 300: Espanha-Inglaterra, 1-0 (17 de novembro de 2004)

O jogo 300 de Iker Casillas foi diferente dos números marcantes anteriores. Pela primeira vez, o espanhol atingia um marco ao serviço da sua seleção. E logo num duelo com história no Velho Continente. Mesmo sendo particular, um Espanha-Inglaterra é sempre apetecível.

O jogo aconteceu em novembro de 2004, ou seja, meses depois de as duas seleções terem caído aos pés dos homens de Luiz Felipe Scolari no Euro português. Espanha foi mais forte, com um golo solitário e improvável de Asier Del Horno, que haveria de reforçar o Chelsea de Mourinho no ano seguinte.

Jogo 400: O. Lyon-Real Madrid, 2-0 (13 de setembro de 2006)

Jogo de estreia na Liga dos Campeões 2006/07. O Estádio de Gerland recebe o Real Madrid de Fabio Capello e o Lyon, então dominador do futebol francês, vence por 2-0. Casillas nada pode fazer para deter os golos que falam português: Fred, brasileiro, faz o primeiro; Tiago, portuguesíssimo, faz o segundo.

Jogo 500: Real Madrid-Barcelona, 4-1 (7 de maio de 2008)

Dificilmente Casillas poderia desejar um jogo 500 mais especial. A goleada de 4-1 ao velho rival Barcelona é, ainda hoje, um dos resultados mais desequilibrados do Clássico espanhol, de entre os que foram favoráveis aos merengues.

A duas jornadas do fim, o Real Madrid de Bernd Schuster não só goleava o rival (foi Henry a fazer o golo de honra do Barcelona em cima da hora), como celebrou a preceito o título conquistado na jornada anterior. Mais um para o currículo de Iker, que, pouco depois iria erguer o primeiro troféu de seleções no Euro 2008.

Jogo 600: Real Madrid-Espanhol, 3-0 (26 de fevereiro de 2010)

O jogo 600 volta a colocar um emblema catalão pela frente do Real Madrid de Casillas e termina, outra vez, com resultado desnivelado. Mas, claro, até por ser contra o Espanhol, este 3-0 só não é um jogo esquecível pelo número redondo que o guardião atingiu. No final da época, aliás, o campeão até foi catalão: mas o Barcelona...

Jogo 700: Real Madrid-Getafe, 4-2 (10 de setembro de 2011)

Era o Real Madrid de Mourinho a caminhar para a mítica pontuação com que chegaria ao título: 100 pontos. Logo na terceira jornada, Casillas, ainda sem registo de grandes problemas com o técnico português, celebrava o jogo 700 da carreira com uma vitória bem mais suada do que o 4-2 final deixa antever.

Jogo 800: Espanha-Uruguai, 2-1 (16 de junho de 2013)

Casillas já não era tão feliz como no passado, mas continuava indiscutível na baliza da seleção espanhola. Em 2013, Vicente Del Bosque não abdicou dele para a Taça das Confederações e foi no torneio realizado no Brasil que atingiu a marca dos 800 jogos na carreira.

Contra o Uruguai, a Espanha até podia ter goleado, tantas as ocasiões que desperdiçou, mas acabou a sofrer. Luis Suarez, de livre, bateu Casillas e estragou a «clean sheet» no jogo 800.

Jogo 900: FC Porto-Sp. Braga, 0-0 (25 de outubro de 2015)

O primeiro número redondo atingido por Casillas em Portugal foi no Estádio do Dragão, com um resultado amargo. Horas depois de o Sporting ganhar na Luz, o FC Porto perdeu a hipótese de também fugir ao Benfica, empatando sem golos em casa com o Sp. Braga.

Casillas até nem teve muito trabalho, uma vez que o FC Porto atacou mais mas não guarda boas memórias deste duelo.

E portugueses? Alguém para o clube dos 1000?

O português que está mais perto de entrar neste restrito grupo de jogadores ainda precisa de mais dois anos, sensivelmente, ao mais alto nível. Falamos de Cristiano Ronaldo.

Ronaldo conseguirá entrar para o clube dos 1000?

O capitão da seleção nacional, que tem 903 jogos na carreira, até este momento, embora, a este ritmo, seja provável que acabe mesmo por lá chegar.

Nesta altura, sublinhe-se, Ronaldo nem sequer é o português com mais jogos realizados como sénior ao mais alto nível. Esse estatuto pertence a Luís Figo que realizou 921. A diferença é que o antigo capitão português já não pode melhorar o registo, ao contrário do atual líder.

Ao longo da carreira, Figo realizou 163 jogos pelo Sporting, 249 pelo Barcelona, 242 pelo Real Madrid, 140 pelo Inter de Milão e 127 ao serviço da seleção A portuguesa.

Cristiano Ronaldo soma, para já, 33 com a camisola do Sporting, 292 pelo Manchester United, 429 pelo Real Madrid e 149 por Portugal, onde já é o mais internacional de sempre.