O Real Madrid foi do quase vexame à consagração em 120 minutos e fecha o ano com mais um título que confirma a supremacia internacional dos «merengues» e reforça os números incríveis de Cristiano Ronaldo e de Zinedine Zidane em 2016. Juntaram-se três gigantes e o ano deu nisto.

A final do Mundial de clubes acabou por ser bem mais intensa do que seria de esperar para o encontro entre o campeão europeu e a equipa japonesa que chegou aqui como convidada, por ser campeã do país organizador. A vitória só chegou no prolongamento, depois de 90 minutos em que o Kashima surpreendeu o Real e esteve muito perto de resolver a seu favor, no final. Mas esse é o veneno que os «merengues» dão a provar aos adversários, não aquele com que caem. No fim vingou a lei do mais forte, e o que fica são os factos. Muitos e impressionantes.

Vamos a alguns números que aumentam a lenda dos vencedores desta edição do campeonato que sucedeu à Taça Intercontinental, onde o campeão europeu e sul-americano discutiam um título mundial mais ou menos oficioso, e o trocou por uma prova que tem o título formal de Campeonato do Mundo de Clubes e um guião feito para dar no mesmo, os dois principais campeões continentais frente a frente, mas a que o futebol às vezes dá a volta. Como aconteceu este ano.

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O Real Madrid já era rei em títulos ganhos na Europa, agora passou a ser o clube com mais troféus intercontinentais, somando os vários formatos. Venceu três vezes a Intercontinental e mais duas o Mundial de clubes. Com a vitória sobre o Kashima Antlers, ultrapassou o Milan, que tem quatro. Falando apenas de Mundial de clubes, que vai em 13 edições, ainda é o Barcelona o líder, com três troféus. Também há quem faça contas aos troféus internacionais em absoluto e conclua que o Real Madrid ultrapassou o Barcelona neste capítulo e se tornou o mais titulado de sempre. Contando Taças dos Campeões Europeus, Interncontinentais, Mundiais de clubes, Taça UEFA e a Taça das feiras, sua antecessora, Taça das Taças e Supertaça Europeia, o registo está em 21 do Real contra 20 do Barça.

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Campeão europeu com Portugal, vencedor da Liga dos Campeões, vencedor do Mundial de clubes, Bola de Ouro. Ainda falta conhecer o vencedor do jogador do ano para a FIFA e não entra nestas contas a Supertaça Europeia, que não jogou por estar lesionado, mas o simples enumerar das conquistas de Cristiano Ronaldo esta época não precisa de mais comentários. Resta dizer que nenhum outro jogador conseguiu este póquer de troféus internacionais. É o terceiro título mundial de clubes para Cristiano Ronaldo, sendo-o também para outro jogador agora no Real Madrid, Toni Kroos. Como disse Cristiano depois da final, um ano «de sonho, perfeito».

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Cristiano tem mais troféus em 2016 do que o próprio clube, mesmo assim o Real Madrid ganhou as três finais internacionais que disputou esta época, por sinal todas no prolongamento. A Liga dos Campeões frente ao Atlético Madrid, a Supertaça Europeia frente ao Sevilha e agora o Mundial de clubes. Um ano que não foi perfeito porque a nível doméstico o Real não venceu qualquer título: o Barcelona levou a Liga e a Taça do Rei. Mas a conquista do Real Madrid também inclinou mais as contas a favor da Espanha. Passou a ser o país com mais conquistas no Mundial de clubes, um total de cinco. Contando com a Intercontinental são nove e ainda está atrás do Brasil, com 10.

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O formato do Mundial de clubes desequilibrou claramente as contas a favor da Europa na luta pela supremacia continental, uma tendência que esta vitória do Real Madrid reforçou. Nove triunfos dos representantes europeus em 13 edições é um registo avassalador, mais ainda se comparado com aquele que era o equilíbrio de forças na Taça Interncontinental: 22 vitórias para a América do Sul e 21 para a Europa. Fora da dicotomia Conmebol-UEFA, só mesmo o país anfitrião: depois do primeiro Mundial de clubes experimental em 2000, no Brasil, foi sempre organizado fora dos dois continentes: Japão, Marrocos e Emirados Árabes Unidos, onde voltará em 2017.

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Zinedine Zidane assumiu como treinador da equipa principal do Real Madrid a 4 de janeiro, quando o clube despediu Rafa Benitez. Fez até agora 54 jogos, dos quais venceu 40, empatou doze e apenas perdeu dois: o dérbi com o At. Madrid no final de fevereiro, a que se seguiram um recorde do clube de 16 vitórias seguidas, e a primeira mão dos quartos de final da Liga dos Campeões frente ao Wolfsburgo, por 2-0, antes de um «hat-trick» de Cristiano Ronaldo na segunda mão dar a volta à eliminatória. Desde então, o Real não voltou a perder um jogo e já superou o melhor registo de sempre do clube de jogos consecutivos invicto. São já 37, sendo 26 nesta época, também o melhor início de temporada da história.

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Cristiano Ronaldo e Pelé. Só dois jogadores marcaram três golos numa final da Taça Intercontinental/Mundial de clubes. Cristiano Ronaldo conseguiu-o frente ao Kashima, o primeiro no tempo regulamentar e os dois seguintes a resolverem o jogo no prolongamento, o «rei» tinha feito algo semelhante em 1962 pelo Santos, frente ao... Benfica. Aliás, Pelé apontou cinco golos nessa decisão, a duas mãos. Na primeira o Santos venceu por 3-2 no Maracanã, com bis de Pelé, na segunda foi ganhar à Luz por 5-2, com o tal «hat-trick» do «rei». Apenas dois clubes portugueses jogaram decisões da Intercontinental: o Benfica perdeu as duas em que participou, 1961 e 1962, o FC Porto venceu ambas, em 1987 e em 2004.

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Cristiano Ronaldo é o quinto português a marcar na final da Taça Intercontinental/Mundial de clubes, o primeiro desde Fernando Gomes, em 1987. Antes dele, marcaram Coluna, Eusébio e Santana. A vitória do FC Porto sobre o Once Caldas em 2004, na última edição da prova antes de ser substituída em definitivo pelo Mundial de clubes, aconteceu nos penáltis, depois de 120 minutos sem golos.

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Ainda mais um troféu para a lapela de Zinedine Zidane. Tornou-se campeão do mundo de clubes como jogador (duas vezes, uma pela Juventus e outra pelo Real Madrid) e como treinador. Não é o entanto o único. Antes dele já o tinham conseguido os uruguaios Luis Cubilla e Juan Mujica, bem como o italiano Carlo Ancelotti.