O internacional australiano Joshua Cavallo foi notícia há dias por ter assumido a sua homossexualidade depois de seis anos de angústia a procurar esconder a sua identidade sexual dos amigos e da família. Um ato de coragem que levou o jovem jogador de 21 anos a ser bombardeado por mensagens de apoio e felicitações, mas agora o jogador do Adelaide United tem um novo receio: ir ao Campeonato do Mundo, no próximo ano, no Qatar, um país onde a homossexualidade é considerada ilegal.

Um receio divulgado no decorrer de um podcast do Guardian’s Today in Focus em que Joshua começa por contar as dificuldades que sentiu enquanto guardou segredo. «Não só o escondia dos meus companheiros, mas também da minha família. Escondia isso também dos meus amigos, de toda a gente à minha volta, porque só consegui ser eu mesmo quando estava relaxado, sem preocupações, nem stress», começou por contar.

O anuncio público de Cavalllo acabou por abrir várias portas a outros jogadores que viviam na obscuridade. «Houve muita gente que me ligou confidencialmente para me dizer que estavam na mesma situação e também são futebolistas profissionais. É uma coisa que não podes esconder se quiseres ser tu próprio. Afinal eu não era feliz e agora olhem para mim, sou o mais feliz do mundo», revelou.

A verdade é que a revelação de Joshsua abriu o debate no mundo do futebol, até às mais altas instâncias, a FIFA. A Rússia, um país com muitos problemas homofóbicos, recebeu o último Mundial e o próximo será organizado pelo Qatar. Cavallo está assustado. «Li algo que o Qatar aplica a pena de morte às pessoas gay, e isso é algo que de deixa com muito medo e pouca vontade de ir», confidenciou.

Cavallo, de 21 anos, gostava de poder representar a Austrália no Mundial, mas tem medo. «Isso entristece-me. Um Mundial é um dos maiores objetivos para um jogador profissional e saber que vai disputar-se num país que não apoia as relações gay e que coloca em risco a tua própria vida, faz-me pensar que a minha vida é mais importante do que algo que seria importante para a minha carreira profissional», prosseguiu.

O Qatar penaliza os atos homossexuais com penas pesadas que podem ir de um a dez anos de prisão. Um «índice de perigo», publicado em 2019, num guia para viajantes LGBT qualificou o Atar como segundo país mais perigoso do mundo para a comunidade gay.

Depois os muçulmanos do país estão sujeitos à lei islâmica que condena qualquer ato sexual fora do matrimónio, com condenações que podem chegar à pena de morte. Neste caso, qualquer ato homossexual pode levar à pena de morte, embora não haja qualquer informação, da parte das organizações de direitos humanos, que algum homossexual tenha sido condenado à pena de morte no Qatar.