O livro vai ser apresentado apenas esta terça-feira, dia 8 de Novembro, mas o Maisfutebol já teve acesso à autobiografia de Vítor Baía e as primeiras impressões são as melhores. Um livro que promete ser um sucesso de bilheteira. Não tanto pelas grandes revelações, até porque não são tão grandes assim, mas sobretudo pelas pequenas estórias de 36 anos de vida que Vítor Baía conta - recorde-se que ele próprio insistiu em escrever esta biografia - com um talento desconhecido.

Uma escrita escorreita, limpinha, cheia de imagens, com títulos prosaicos e uma série de metáforas que prendem o leitor e o fazem devorar com uma vontade ávida as 127 páginas que percorrem a vida do guarda-redes. O aspecto gráfico será o melhor de todos os livros de gente do futebol lançados nos últimos tempos, o papel tem uma qualidade próxima da folha de revista e as imagens trazem realmente uma mais-valia à obra, fotos desconhecidas, bem integradas e potenciadas pela qualidade do papel.

Do percurso de uma vida revisitada nos seus momentos mais importantes sobram algumas revelações curiosas, sobra também uma opinião nova sobre algumas das polémicas - a zanga com Mourinho, o período negro de Barcelona, a insistência de Scolari em não o chamar à selecção -, mas sobram sobretudo pequenas estórias, a cobiça do Benfica, o dia em que um formigueiro no braço quase lhe colocou a vida em risco, o período em que teve de deixar o futebol para se alistar na tropa. Muitas estórias embrulhadas num livro acompanhado de um DVD bem montado, onde a entrevista de Miguel Sousa Tavares explora o que ficou por escrever.

Mas voltemos ao livro. Começa assim: «DEZ DEDOS DE CONVERSA. Chamei a esta introdução Dez dedos de conversa porque são dez os capítulos em que a autobiografia está dividida, como são dez os dedos das mãos. As MÃOS de um guarda-redes estão sempre na mira do adversário e do adepto. Segurar a bola, agarrá-la, dizer com força É minha. É o diálogo que tenho quase inconscientemente com elas. Porque um dia percebi que tenho mãos de guarda-redes. Entendam isto como uma imagem, já que todo o corpo é fundamental para um guarda-redes. Ainda assim dou graças a Deus pelas mãos que me deu. Convido-os agora a entrarem nesta conversa comigo, com a esperança de que saiam satisfeitos quando chegarem ao fim da história, porque um dia vou voltar para a completar».