O Maisfutebol desafiou os jogadores portugueses que atuam no estrangeiro, em vários cantos do mundo, a relatar as suas experiências para os nossos leitores. É isso que farão daqui para a frente:



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«Chamo-me Hugo Miguel da Encarnação Pires Faria, tenho 29 anos e sou natural de São Brás de Alportel. Sou conhecido por todos como Faria.



Comecei a minha vida de futebolista com 10 anos na Sociedade 1º de Janeiro (São Brás de Alportel). Seguiu-se o Louletano e depois ainda passei pelo F.C. Porto. Regressei ao Louletano, onde terminei a minha formação e iniciei a vida de profissional de futebol.



Fui internacional sub-20 e ganhei o famoso torneio de Toulon. Profissionalmente, representei o Louletano, o Olhanense e o União de Leiria até à época de 2007/2008. Começa aqui a minha aventura no estrangeiro e desde a temporada 2008/2009 jogo no Chipre, mais concretamente no Enosis Neon Paralimni.



Sim, é verdade, estou no quinto ano consecutivo a jogar no mesmo clube. Estranho? Nem por isso.



O Chipre é uma ilha no meio do Mar Mediterrâneo. Fica a sul da Turquia, a oeste da Síria e do Líbano, e a norte do Egito. Tem um clima idêntico ao do Algarve, região da qual sou natural.

O Verão é muito quente e o Inverno tem alguma chuva, mas não é tão frio. A grande diferença é a humidade: nos meses de calor chega a ser ofegante.



A população não excede atualmente o milhão de habitantes. A maioria dos cipriotas são cristão-ortodoxos. A capital é Nicósia e é conhecida por ser a única capital do mundo dividida ao meio. Isto prende-se com o facto de o país estar dividido em duas partes.



A República do Chipre (onde atualmente jogo e que pertence a União Europeia) e a República Turca do Norte de Chipre, um estado só reconhecido atualmente pela Turquia. A língua oficial é o grego, mas o inglês é fluentemente falado.



Como já referi, jogo no Enosis Neon, clube da cidade de Paralimni.



Paralimni situa-se a sudeste da ilha e é uma pequena localidade turística (cerca de dez mil habitantes), muito calma de Inverno e muito stressante de Verão, devido ao turismo. É famosa pelas praias com águas límpidas e amenas e areais claros.



O clube tem boas condições de trabalho e as pessoas que dele fazem parte são atenciosas. Tem como objetivo ficar entre os seis primeiros classificados e ir o mais longe possível na Taça do Chipre.



Este é o meu quinto ano aqui e sou o estrangeiro com mais tempo «de casa» na equipa. A equipa conta na sua maioria com jogadores estrangeiros, especialmente este ano. O clube contratou 19 novos jogadores e este momento tenho a companhia de dois portugueses: o Carlos Milhazes (ex-Rio Ave e Chaves) e o Filipe da Costa (ex-Nacional e Estoril).



Também partilho a experiência com vários jogadores que já atuaram em Portugal, como o Aldo Duscher (Sporting), Thomas Oravec (Boavista) e Anderson (U. Leiria). A equipa conta ainda com quatro internacionais A: Malta, Senegal, Guiné Equatorial e Chipre são os países representados.



No campeonato cipriota, tanto na I divisão como na II, é raro o clube que não tenha um português. Sinal da qualidade e trabalho que temos vindo a demonstrar.



No geral, a aventura por terras cipriotas tem sido positiva. Para isso têm contribuído em grande parte a minha família, que se encontra comigo e que partilha da mesma opinião, mas também os companheiros de equipa. Os amigos de cá e até a televisão portuguesa ajudam muitas vezes a diminuir a saudade.



Estamos longe? Estamos, mas somos felizes e isso ao fim do dia faz toda a diferença.



Um bem-haja a esta iniciativa. Desejo desde já o maior sucesso.



Obrigado e até já,



Hugo Faria»