A fisionomia do atleta português é propícia ao aparecimento de bons valores para as balizas nacionais. Um pouco como acontece em Itália, o jovem português tem características próprias que lhe permitem tornar-se um talento. Daí que Hugo Oliveira defenda uma mudança de mentalidades. O guarda-redes nacional não pode ser mais um auto-didacta.
O que é mais importante num guarda-redes, o talento ou a aprendizagem?
Eu sou da opinião que num jogador de campo é mais importante a capacidade de trabalho do que o talento. Num guarda-redes é diferente, se não tivermos talento é extremamente difícil ser guarda-redes. Podemos trabalhar muito os aspectos técnicos ou tácticos, mas se não houver o talento natural nunca se chegará a ser um grande guarda-redes.
E Portugal é um viveiro de talentos?
Acho que sim. Se fossemos bem trabalhados podíamos ter alguns dos melhores guarda-redes do Mundo. Somos rápidos, somos ágeis, somos espertos, pensamos rápido, fisicamente os nossos jovens são mais fortes e não perderam velocidade. Só que os guarda-redes portugueses aprendem por si mesmos dentro de campo.
O que falta mais ao guarda-redes português?
Falta a técnica. E a técnica ganha-se com a correcção. Por isso é importante fazer um treino integrado, curto e intenso. Trabalha-se muito em volume e pouco em intensidade. Eu defendo que temos de trabalhar as situações concretas do jogo. Um guarda-redes está em acção, por exemplo, 50 segundos, e depois está cinco minutos com o jogo a desenrolar-se longe da sua área. Porque é que então havemos de estar dez minutos em volume sempre a massacrar o guarda-redes se no jogo isso não acontece? Eu trabalho séries rápidas e período de descanso. Por exemplo, somos muito pobres a sair dos postes. Nunca sabemos se vamos ou se ficamos, e se decidimos ir vamos buscar a bola ao espaço de conforto, quando devíamos atacar a bola no ponto mais alto. É por isso que eu defendo o treino sobre pressão, para obrigar os guarda-redes a pensar rápido.