Provavelmente o melhor médio da Liga, Hugo Viana não teve uma noite brilhante, mas nem por isso deixou de demonstrar a sua importância esta segunda feira, perante a Académica. Mais nos momentos em que não esteve, é verdade. Esta é a história do jogo do médio bracarense. Foram 90 minutos a olhar para o capitão da equipa que lidera a Liga portuguesa, a partir da transmissão da Sport TV.

Começa com dois passes e dois cantos. Depois um passe a rasgar, para Mossoró. O brasileiro não chega. Mais à frente saber-se-ia que esta seria a noite de Mossoró. Aos cinco minutos, um toque para trás. Hugo Viana é sobretudo segurança, nesta fase. Mais um canto, mais um passe lateral, aos oito minutos remata com relativo perigo. A bola não sai distante da baliza da Académica.

Passes, um livre, outro canto e uma bola perdida, coisa rara. Um corte, outro momento pouco visto em Hugo Viana. Ele que começou médio defensivo, há muito que perdeu agressividade. Hoje é sobretudo um porto seguro, o refúgio da equipa, o que tem as melhores ideias. E neste Sp. Braga, as melhores ideias são quase sempre as mais equilibradas, as que privilegiam a organização.

Aos 25 minutos mais um canto. Dois livres, um passe de cabeça, outro com o pé. Mais outro, aos 40, de longa distância, excelente. Sem dúvida uma marca do jogo de Viana, que ele executa quando sabe que a equipa está bem colocada e que perder a bola não terá consequências.

Mais cantos, passes e o intervalo a chegar com 2-0. Nenhuma intervenção nos lances decisivos, mas fundamental para os primeiros 45 minutos de absoluta tranquilidade para Leonardo Jardim.

Começa a segunda parte a sofrer uma falta, também coisa rara. Hugo Viana aparece pouco associado a confrontos físicos. Ele evita, recebendo a bola em zonas livres. Aos 49 minutos, canto, cabeça de Custódio. O estádio grita «Hugo Viana!». Fará o mesmo lá para o fim da história. Aos 51 minutos foge pela esquerda. Jogada de puro contra-ataque. Entra na área e tem Mossoró ao centro, mas prefere chegar perto do guarda-redes e rematar. O ângulo não era famoso, a bola sai ao lado. Um lance atípico, este de Viana em grande correria. Segue-se o expediente normal: um, dois, três passes corretos, para repor a respiração. Um livre, uma perda de bola, também algo pouco visto.

E aos 59 minutos um passe longo de mais. Na Académica entrou David Simão e o jogo está prestes a mudar. Não por coincidência, Hugo Viana desaparece. E não é uma maneira de dizer, foi mesmo assim. Os de Coimbra reduzem, pelo jovem emprestado pelo Benfica, e o Sp. Braga de repente descobre-se lá atrás.

Leonardo Jardim demora muito tempo a perceber. Há algo novo no meio-campo de Coimbra e o Sp. Braga já não está a conseguir ter bola. Para voltar a ter Viana, mete Djamal. Bem pensado. Viana sobe no terreno, precisa de defender menos. Reaparece. Um canto, um passe, um corte, outro passe, um livre. Passe, recuperação, passe. Cede um canto, em esforço. A Académica ameaça de bola parada. Nesse período, curioso, Viana não joga.

Ei-lo de novo, regressado, nos descontos. Já adivinhou, o Sp. Braga volta a controlar e os adeptos podem finalmente acreditar que sim, a liderança está ali. Livre, passe, fora-de-jogo, passe. Fim.

Não foi um dos melhores jogos de Hugo Viana. Não foi um dos melhores jogos do Sp. Braga. Percebeu-se que estas coisas andam muito ligadas.