Tencionava rever o Sporting-Benfica antes de escrever sobre Cortez. Não se consegue analisar um jogador apenas em uma partida, sobretudo se em simultâneo estivermos a olhar para o jogo e a guardar informação sobre todos os que estão em campo.

Se nos focarmos apenas num jogador a quantidade de informação que recolhemos sobre ele aumenta substancialmente e passa a ser possível ter opinião. Permite ver como se comportou nos duelos. Como se posicionava a defender. Se tinha sempre o apoio certo do ala, dos médios e do central do lado esquerdo. Se decidia subir nos momentos certos. A qualidade técnica. A força. O facto de se tratar de um dérbi torna os dados recolhidos mais relevantes, uma vez que se trata de um desafio de exigência máxima.

De memória, além do lance do golo do Sporting, guardei mais dois momentos. Na primeira parte, um cruzamento a partir da linha de fundo para boa oportunidade do Benfica. No segundo tempo uma «bronca» recebida de Artur, ao cortar de forma pouco clássica uma bola que parecia simples. Esse instante, oferecido pela televisão em planto relativamente apertado, permitiu perceber como é baixo o estatuto de Cortez no grupo. Ninguém grita daquela maneira com Maxi. E se ele merece.

Enfim, estas coisas não podem ser feitas apenas de memória.

Uma análise mais profunda era o que tencionava fazer depois do fecho de mercado, tranquilamente, a meio desta semana. No fundo, procurava confirmar o murmúrio que se instalou depois do dérbi, uma espécie de «já se enganaram outra vez no lateral esquerdo».

No entanto, decidi que pelo menos para já não valia a pena gastar o meu tempo em Cortez. Quer dizer, não fui exatamente eu a decidir. Foi o Benfica, ao contratar Siqueira ao Granada e, reflexo imediato, cortar o jogador emprestado pelo São Paulo da lista para a Liga dos Campeões.

Siqueira era «namorado» pelo Benfica, como o próprio confirmou, há dois anos. A posição de lateral esquerdo é deficitária no clube desde que Fábio Coentrão saiu (e antes também não tinha sido fácil), a pergunta que se coloca é simples: por que não começaram a pensar o plantel 2013/14 por ali?

Eu sei que é fácil fazer perguntas e não ter todos os dados na mão para responder. E também sei que o mercado é oportunidade. O Benfica está hoje melhor na posição de lateral esquerdo do que há uma semana e isso é o mais importante. Mas o processo deixou a ideia de que Cortez não foi assim tão bem avaliado antes de chegar à Luz, o que não deixa de ser inquietante.

Por último, o preço. Jefferson (25 anos), adaptado ao futebol português, custou aos Sporting 400 mil euros. Siqueira (27) chega ao Benfica por empréstimo e o Granada fez saber que receberá um milhão, com cláusula de opção de sete milhões. Não se pode dizer que tenha sido exatamente uma pechincha, apesar de ficar abaixo do valor investido pelo FC Porto em Alex Sandro, lateral bem mais novo (22 anos): dez milhões de euros.

NOTA: Quem estiver interessado na minha opinião global sobre o mercado pode lê-la aqui. Já agora, será que alguém fez o exercício que me dispunha a realizar, sobre Cortez? Ou, não o tendo feito, possui opinião sólida sobre o lateral? Se quiser pode partilhá-la na caixa de comentários.