Os sócios da Académica - Organismo Autónomo de Futebol (OAF) aprovaram, na quinta-feira, por maioria, o Relatório e Contas da época 2018/19, que apresentou um resultado negativo superior a 1,4 milhões de euros.

O documento foi aprovado em Assembleia-Geral, com 101 votos a favor, 10 contra e 103 abstenções.

De acordo com o Relatório e Contas, citado pela agência Lusa, o passivo total da Sociedade Desportiva Unipessoal por Quotas (SDUQ) da Académica situa-se nos 7,5 milhões de euros.

Na reunião, os sócios aprovaram também o Orçamento para a época 2019/20, que prevê gastos globais de 2,010 milhões de euros e rendimentos de 2,083 milhões de euros.

De acordo com a direção, o futebol profissional (plantel e equipa técnica) consome 51% dos gastos.

O Orçamento foi aprovado com 73 votos a favor, um contra e 121 abstenções.

Direção desiste de criação da SAD

A direção da Académica - Organismo Autónomo de Futebol (OAF) retirou da ordem de trabalhos da Assembleia-Geral o ponto para alteração de estatutos que permitia referendar a passagem do clube a Sociedade Anónima Desportiva (SAD).

A direção presidida por Pedro Roxo justificou a decisão com a ameaça da direção-geral da Associação Académica de Coimbra (casa-mãe) de retirar o símbolo e o nome ao clube caso o investidor da futura SAD tivesse mais de 50% do capital social.

Na proposta de alteração de estatutos estava previsto que o investidor da SAD ficaria com 70% do capital social, enquanto a Académica com os restantes 30%, embora numa fase inicial o acionista principal ficasse com 72% do capital.

O presidente da direção-geral da Associação Académica de Coimbra, Daniel Azenha, disse, na reunião da Assembleia-Geral, que «não pretende intervir no modelo societário» que o OAF pretende implementar, mas que a casa-mãe não está disponível para ceder o símbolo e o nome a uma sociedade em que o capital social não seja maioritariamente do clube.

A retirada do ponto da ordem de trabalhos, que foi anunciada nos canais de comunicação da Académica cerca de hora e meia antes do início da assembleia, motivou muitas críticas dos sócios da briosa, dos que estavam a favor e contra a criação de uma SAD com capital maioritariamente privado.

Com a retirada do ponto da ordem de trabalhos, a Assembleia-Geral referendária de 29 de novembro, para votação para a transformação da atual Sociedade Desportiva Unipessoal por Quotas (SDUQ) da Académica/OAF em SAD fica sem efeito.

A proposta de alteração de estatutos previa que o investidor da futura SAD ficasse obrigado a liquidar os 7,5 milhões de euros de passivo da atual Académica/Sociedade Desportiva Unipessoal por Quotas (SDUQ) e a injetar de imediato 3,4 milhões de euros.

O futuro investidor, cujo nome ainda não foi anunciado, embora integre o grupo BMG, teria de investir 20 milhões de euros nos próximos 10 anos, com uma média de investimento no futebol profissional de dois milhões por ano.

A preservação dos símbolos, cores e tradições da briosa estavam também contempladas na alteração de estatutos, bem como a manutenção das equipas sub-23, sub-19, sub-17 e sub-15.

Em declarações aos jornalistas, o presidente da mesa da Assembleia-Geral da Académica, Maló de Abreu, disse que o assunto só volta a uma próxima reunião depois de existir entendimento entre o OAF e a direção-geral da AAC.