Incontornável. Há um português em cada canto do mundo e as Ilhas Scilly não poderiam fugir à regra. No arquipélago que acolhe o campeonato mais pequeno do globo terrestre, já houve sangue luso. Em campo, claro.

Eis o campeonato mais pequeno do mundo

A Scilly Isles Football League está sediada na ilha de St. Mary's, a mais povoada. São cerca de 1.700 pessoas, segundo Chas Wood, o ansião que só parou de jogar aos 70 anos.

Chas Wood morou e jogou futebol em Lisboa, entre 1992 e 1998. Mas há mais. Um português de Portugal a espalhar magia por ali. Um jogador mais técnico que físico, como não podia deixar de ser.

«Lembro-me que há três anos tivemos aqui um português a participar no campeonato. Era um rapaz de Aveiro, penso que é assim que se chama a terra, que veio trabalhar para um hotel daqui e juntou-se a nós», explica o britânico ao Maisfutebol.

Jogou nos Lisbon Casuals e só parou aos 70

O turismo é a garantia de rendimento para 85 por cento das pessoas na ilha. Por isso mesmo, os hotéis com os seus empregados sazonais são uma grande fonte de recrutamento.

«Lembro-me que ele trabalhava no mesmo hotel em que eu sirvo de guia. E era um bom jogador, muito inteligente com a bola nos pés», frisa Chas Wood.

Convém não confundir as equipas

O campeonato mais pequeno do mundo sofre com a sazonalidade. «A competição é entre outubro e março por ser a época baixa. Perto do verão, não temos hipótese. Os que ficam, são distribuídos pelas duas equipas.»

«Não se podem é esquecer em que equipa estão a cada ano que passa. Vários jogadores foram mudando de equipa ao longo das épocas e é fácil confundirem as coisas», brinca Chas Wood.

Este invulgar campeonato criou raízes após a desistência de equipas de outras ilhas. Ao longo dos anos, especulou-se sobre o regresso de emblemas vizinhos, sem contornos reais.

«A ilha de St. Agnes, por exemplo, só tem cerca de 80 pessoas. Neste número, estão mulheres, pessoas mais idosas e crianças. Não há o suficiente para uma equipa. Aqui em St. Mary's, somos agora 1700 mas mesmo assim só temos duas», frisa o britânico.

Aos 70, Chas Wood pendurou as chuteiras. De qualquer forma, deseja uma longevidade considerável para o campeonato mais pequeno do mundo. Mesmo perante uma realidade incontornável: aos 16 anos, muitos locais abandonam as ilhas.

«Não temos escolas para esse nível aqui. Se quiserem continuar a estudar, têm de ir para o continente. Uma parte não volta. É pena, mas espero que haja sempre gente suficiente para manter o campeonato. A diversão é essencial e o futebol sempre foi uma parte importante da minha vida. Enquanto puder, continuarei a acompanhar o campeonato mais pequeno do mundo», conclui o nosso guia britânico.