Olhar sempre para o lado positivo, mesmo nas situações negativas. Essa é uma das lições repetidas à exaustão, não é verdade?

Pois bem, foi o que fez Luís Figo num dos momentos profissionais mais complicados que viveu durante uma longa e recheada carreira de futebolista: o regresso a Camp Nou, depois de ter trocado o Barcelona pelo maior rival, o Real Madrid.

A história foi partilhada pelo antigo internacional português nesta terça-feira, num evento promovido pela Presidência da República e aberto à participação de jovens.

Foi, aliás, de um jovem que surgiu a recordação do jogo que ficou célebre pela hostilidade que o público do Barcelona deixou clara a Figo ao longo de toda a partida, com o arremesso dos mais insólitos objetos.

«Caiu de tudo [risos]. Eu ia concentrado porque estava a fazer o meu trabalho, mas houve uma altura que não conseguia, tal a quantidade de objetos. A única coisa de que me lembro é que nessa altura eu era patrocinado pela Coca-cola, vi uma garrafa no relvado e apanhei-a. Foi como se estivesse a fazer publicidade», recorda entre muitos risos.

«Depois, no dia seguinte tive oportunidade de ver que também tinham atirado garrafas de whisky, cabeças de leitão… havia um pouco de tudo», lembra.

No mesmo evento, Figo assumiu ainda que não foi uma decisão fácil a de trocar o Barcelona pelo Real, mas que não se sentia valorizado pelos culés.

«É uma coisa que acontece em todas as áreas: há um trabalhador que não se sente reconhecido pelos seus patrões e tem outras ofertas de trabalho. Foi um processo que durou quase todo o verão e houve diferentes fases no processo. Tive as minhas dúvidas se deveria ou não mudar de clube, mas percebi que já não havia volta a dar e tive de tomar a decisão que achei que era melhor para mim», explicou.