O médio ofensivo argentino Ricardo Centurión é um daqueles casos em que há muito para contar além do futebol. Dos golos marcados e dos treinos realizados. Aos 25 anos, já venceu uma liga argentina. Agora voltou a ganhar um desafio, mas fora do campo. Em público, ao confessar todos os problemas fora do desporto. Da infância difícil com a perda do pai, quando tinha cinco anos, ao gosto por armas e drogas.

Centurión, jogador do Racing Club Avellaneda, foi, em maio último, um dos 35 pré-convocados de Jorge Sampaoli para o Mundial 2018 da Rússia. Viu gorada essa hipótese, numa carreira marcada já por um episódio menos feliz no Boca Juniors. Ou de, por exemplo, o presidente do Racing, Víctor Blanco, ter dito em março último que Centurión «tinha um problema com o álcool».

Filho de uma costureira e de um operário, Centurión, como se disse, não teve um início de vida fácil. Disse tudo, com abertura, ao programa Podemos Hablar, do apresentador Andy Kusnetzoff, da estação Telefé.

«Tive uma infância difícil. Foi criado numa vila, perto de Avellaneda. E hoje não posso ir para o bairro. Para muitos, há inveja. Essa é a palavra. E quem sofre é a família», começou por dizer.

«O meu pai, perdi-o muito novo. Ele trabalhava numa fábrica de pirotecnia ilegal. Até hoje não se sabe como explodiu. Eram sete empregados e morreram todos. Eu tinha cinco anos. Aí, começou uma nova vida. Se não o vir em fotografias, não me lembro dele», contou, quando questionado pelo seu pai.

Outra das questões abordadas foi uma polémica fotografia de 2012, em que Centurión aparecia com uma arma na mão. O futebolista não negou e falou do assunto. «Tirei a primeira fotografia num bairro de San Nicolás, antes de ser profissional e isso prejudicou-me. Gosto de armas, mas nunca cometi um crime», garantiu.

Das armas às drogas, o dianteiro argentino também não negou distúrbios.

«Quando me estreei na primeira liga [Argentina] consegui tudo de uma vez e experimentei marijuana. Hoje existem controlos antidoping surpresa. Antes, eram uma vez por semana. Mas sim, experimentei drogas», confessou.

O episódio com um polícia, em março último, também não fugiu à conversa. «Passei um semáforo vermelho e seguiram-me até que eu parasse», recordou.

Ricardo Centurión, considerado uma das grandes promessas da Argentina, esteve já associado a FC Porto e Benfica, quando tinha 20 anos. Além do atual clube, o Racing, já jogou no Génova (Itália), São Paulo (Brasil) e Boca Juniors.