Wallace Lucas de Souza Pinto. Aos 19 anos teve a tão ambicionada oportunidade numa equipa profissional. Depois de testes em clubes históricos como São Paulo, Palmeiras, Corinthians ou Santos, deu nas vistas nos estaduais aos serviço do modesto Floresta.

Os bons desempenhos convenceram o Fortaleza, equipa treinada por Rogério Ceni, a dar-lhe uma oportunidade. Na sexta-feira passada, a estreia ambicionada: 11 minutos na receção ao Guarani no arranque da Série B.

Wallace passou aquela reta final de jogo a escorregar no relvado do Castelão e a explicação de Ceni mostra bem que a vida de um jogador pode ser bem mais difícil do que parece. «Ele caiu demais durante o jogo. Na hora em que eu entrei no vestiário, falei que ele estava a jogar com chuteiras erradas», afirmou o antigo guarda-redes em declarações reproduzidas pelo Globoesporte.

«Ele disse: "Eu só tenho essas". Para você ver como é o futebol», acrescentou Rogério Ceni, garantindo que Wallace terá imediatamente novas chuteiras para pôr termo às escorregadelas desnecessárias em campos molhados.

Wallace chegou ao Fortaleza de bolsos vazios. Diz o Globoesporte que aquelas chuteiras, de borracha, até nem foram baratas: custaram 400 reais (pouco menos de 100 euros). Um valor residual para muitos futebolistas, mas não para este médio acabado de chegar à idade adulta e ao futebol profissional, que precisou da ajuda de uma tia para pagar o calçado que lhe permite, no fundo, caminhar, correr e chutar em busca de um sonho de sempre.

«Sempre quis ser jogador de futebol. Eu sempre respirei futebol, sempre fui apaixonado. Não importa como seja, só quero jogar», apontou Wallace.