Portugal-Holanda. Figo marca e o jogo termina. Desço em direcção ao balneário holandês, onde ex-colegas e ex-jogadores estão em número considerável.

Com a sensibilidade de quem sabe a dureza dos minutos pós-fracasso, não quero falar de futebol. Pergunto pelos filhos, convido-os para uma francesinha visto que os barcelonistas pernoitavam uma noite mais na Invicta, esperando o voo da manhã para Barcelona, recebo encantado a camisola de Philippe Cocu, entrego a Patrick Kluivert o tradicional beijo da minha filha por ele apaixonada (só tem quatro aninhos!)...

No entanto, o desânimo, a frustração, a revolta interior era tal que não conseguiam deixar de visualizar, pensar e comentar o jogo. As comparações com o FC Porto-Barça do ano passado eram inevitáveis pela facilidade da vitória de então: Zenden diz-me que o jogo tinha sido ainda mais fácil do que dessa vez e que não entendia o que se passara; Reiziger diz que com tantos quilómetros nas pernas já deveriam saber que o jogo só termina quando de facto termina; Frank de Boer simula um gesto de disparo de pistola na própria cabeça; Van der Sar olha o chão fixamente...

Confesso que não fiquei insensível. Jogaram optimamente, trabalharam tacticamente de forma fantastica, foram melhores que nós durante oitenta minutos. Mas se o futebol já foi tantas e tantas vezes injusto para Portugal e para o futebol português, pois...aceitemos de mãos abertas e um sorriso nos lábios este presente que deus futebol tinha reservado para nós!

Entretanto, regressa Louis van Gaal da conferência de Imprensa. Olha-me nos olhos e solta no seu castelhano de sotaque holandês:

- Incrrreíble!

Após 3 épocas de convivência diária, sabendo o que lhe ia na alma, abracei-o e disse-lhe:

- Para a semana telefono-te