Idealizado desde 2010, o novo campeonato de futebol da Índia vai começar neste fim de semana. É uma prova criada de raiz, com clube novos. A Indian Super League (ISL) quer ser o dinamizador do futebol no segundo país mais populoso do mundo fazendo-o da forma mais profissional possível nesta economia emergente.

A ISL quer rivalizar com a popularidade que o críquete tem na Índia e preparou este arranque com todo o cuidado. Tudo está pensado para dar visibilidade à nova competição dentro de portas, mas também para tornar esta prova um produto apetecível. O pontapé de saída vai ser dado por várias estrelas do futebol mundial dos últimos 10, 15, ou mesmo 20 anos por entre um número enorme de contratações que incluem vários jogadores portugueses entre metade das equipas.

São oito os novos clubes formados para representar oito regiões da índia, que tiveram de cumprir exigências financeiras ao mesmo tempo que comprometer-se com o desenvolvimento do futebol a nível local. A prova tem a chancela da federação indiana de futebol e será gerida por um consórcio empresarial (que junta um grupo indiano e outro dos Estados Unidos).




Os oito emblemas inscritos são patrocinados por entidades que vão desde grandes empresas locais da eletrónica até à indústria do cinema na Índia, passando até pelo At. Madrid. De 12 de outubro a 20 de dezembro vai disputar-se um campeonato a duas voltas entre as oito equipas, seguindo-se duas meias-finais entre os quatro primeiros (com jogos a duas mãos) e uma final de jogo único. Neste sistema de atribuição de licenças para os participantes não há promoções nem despromoções.

Cada equipa tem de ter 14 jogadores indianos sendo quatro obrigatoriamente nascidos na região. Estes serão escolhidos pelas equipas no «draft doméstico». Cada equipa tem de contratar um jogador estrangeiro «cabeça de cartaz» já assegurado pela liga e outros sete estrangeiros; destes sete, apenas dois podem ser contratados diretamente pelos clubes sendo os outros assegurados no «draft internacional».




Del Piero no Delhi Dynamos e David Trezeguet no FC Pune City. O jogo entre os dois «cabeça de cartaz» é já um dos grandes momentos anunciados para os primeiros dias da ISL. No Dynamo treinado pelo holandês Harm van Veldhoven está também o português Henrique Dinis. O Pune City de Trezeguet será orientado por Fraco Colombo e reforçou-se nos últimos dias com o grego Katsouranis.

Miguel Garcia é o português do Northeast United FC, equipa treinada pelo neo-zelandês Ricki Herbert, onde o «cabeça de cartaz» é outro antigo jogador do Benfica: Joan Capdevila. No Kerala Bçlasters FC, o inglês David James acumula as funções de jogador mais importante com as de técnico. O italiano Marco Materazzi também terá aquela dupla função no Chennaiyin FC, equipa que conta também com o francês Mikael Silvestre e o «cabeça de cartaz» brasileiro Elano.

O Atlético de Kolkata equipa à At. Madrid e tem forte influência espanhola, com Luis García (o do Atleti
madrileno, Barcelona e Liverpool) como estrala maior, secundado por jogadores como Borja num conjunto orientado por Antonio López Habas. O Mumbai City FC tem outra série de vedetas do futebol europeu de outros anos, com o sueco Ljungberg como «cabeça de cartaz», ao lado de Anelka, Friedriech e dos portugueses André Preto e Tiago Ribeiro- o treinador é o britânico Peter Reid.

Para última designação ficou a equipa com mais portugueses do novo campeonato da Índia: o FC Goa. A equipa do antigo território luso será treinada por Zico e tem como principal estrela Robert Pires. Além de todas estas relações próximas, Bruno Pinheiro, Miguel Herlein e Edgar Marcelino são os portugueses de gema no FC Goa da ISL.

A visão portuguesa na ISL


Edgar Marcelino foi o jogador que contou ao Maisfutebol
como «está a ser uma experiência muito boa». O médio de 30 anos está na Índia há três semanas e ficou desde logo «surpreendido pela organização» experienciada e destacando quer as condições para viver quer as de treino.

Com formação feita no Sporting, Edgar Marcelino passou por clubes «um pouco por todo o mundo» e reconhece que «de há uns anos para cá deixou de haver o sonho de jogar num grande ou num campeonato importante». O jogador português assume por isso outras das vantagens da nova ISL: «Os termos financeiros.» ««Os pagamentos são feitos ainda antes do dia em que está previsto», acrescenta.

A localização em Goa é também um dos pontos a favor pela proximidade com Portugal, a que não fogem Zico e Pires, «estrelas» do futebol, mas pessoas ao mesmo tempo «simples e humildes». «O Pires, com 40 anos, está bem e podemos ser candidatos ao título», acredita o médio, mas com a ressalva de que a batalha com os adversários vai ser dura: «Todos têm jogadores estrangeiros e todos vão lutar para serem campeões.»

A concentração é agora total na competição quando há «jogos de três em três dias» para realizar e quando é preciso viajar «três ou quatro horas de avião para fazer um jogo fora de casa». Por isso, «o melhor é mesmo estar sozinho» porque as novas tecnologias já «ajudam a estar sempre com a família».

Edgar Marcelino confessa que a receção aos jogadores estrageiros «foi muito boa» e que o impacto na Índia «está a ser muito grande. O jogador português não tem dúvida de que «nos próximos dois ou três anos esta liga vai subir muito de qualidade» e revela que «de dez em dez minutos a ISL é anunciada na televisão», como exemplo do «impacto muito grande que vai ter» esta competição.

Assim fica aqui, então, mais um exemplo dessa promoção: