O histórico Newcastle United, quatro vezes campeão inglês, está a um passo de mudar de mãos, mas a venda do clube está a levantar uma onda de polémica tanto em Inglaterra, como um pouco por todo o mundo. Em causa, estão os compradores, um consórcio que inclui o Fundo de Investimento Público da Arábia Saudita (PIF), que é liderado pelo príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, e a PCP Capital Partners que tem como rosto mais visível a empresária britânica Amanda Staveley, conhecida pelas suas relações privilegiadas com os países do Golfo Pérsico.

Este fundo estará disposto a comprar o centenário clube inglês por 300 milhões de libras, cerca de 339 milhões de euros, mas a operação financeira levou a Amnistia Internacional (AI) a escrever uma carta ao diretor executivo da Premier League, tudo por causa dos direitos humanos.

Nesta carta, a diretora da Amnistia Internacional britânica, Kate Allen, pede a Richard Masters para que seja tida em conta na autorização de venda do Newcastle a situação dos direitos humanos na Arábia Saudita.

«Não estamos, de forma alguma, a dizer quem deve liderar os destinos do Newcastle United, mas, a solicitar, ao menos, que a Premier League pare e olhe seriamente para a situação dos direitos humanos na Arábia Saudita, pois corre o risco de cair no ridículo», referiu, em relação a um negócio que, para se concretizar, obriga a uma avaliação dos candidatos a novos donos do Newcastle United por parte dos proprietários dos outros clubes e diretores da Premier League, um formalismo instituído desde 2004.

A responsável máxima pela Amnistia Internacional no Reino Unido vai mais longe ao afirmar que existe um objetivo 'camuflado' na aquisição por parte do consórcio.

«Isto é mais do que apenas uma transação financeira, é um exercício de construção de imagem que se baseia no prestígio da Premier League e na paixão da base de fãs do Newcastle United. Enquanto essas questões (referentes ao histórico de direitos humanos da Arábia Saudita) não forem abordadas, a Premier League corre o risco de se tornar insignificante para aqueles que querem usar o glamour e o prestígio do futebol da Premier League para encobrir ações profundamente profundas imorais», disse a responsável pela Amnistia Internacional no Reino Unido.

A compra dos 'magpies' por este consórcio parece estar eminente com o facto de já ter sido efetuado um avultado depósito de 17 milhões de libras, cerca de 19 milhões e 200 mil euros, na conta do atual proprietário Mike Ashley, a sugerir que o grupo está muito confiante em ter sua aquisição ratificada pela Premier League, a quem terá sido entregue toda a documentação necessária, e assim encerrar um mandato de 13 anos de Ashley em St. James Park.

Fonte próxima do acordo revelou entretanto que será Yassir Al-Rumyyan, do Fundo de Investimento Público, deve assumir o cargo de presidente, do Newcastle United mas irá permanecer no Oriente Médio.