*em Londres

O jogo da hora de almoço deste sábado entre Chelsea e Arsenal é mais do que um dérbi londrino. Trata-se de um choque entre duas personalidades fortes do futebol, dois treinadores que já estão na história e dois homens que chocam demasiadas vezes. Mourinho e Wenger reencontram-se com larga vantagem para o português, que pode servir-se de uma vitória em casa para afastar mais um concorrente na luta pelo título.

Para o francês será um dia importante, pois realiza o seu milésimo jogo à frente da formação londrina, muitos anos depois daquele outubro de 1996 em que aterrou na capital britânica como um perfeito desconhecido vindo do Mónaco. Hoje é apelidado de «o professor». «Parece que comecei ontem, nem consigo acreditar como passou tanto tempo», revelou ao site oficial do clube, assegurando que nem se tinha percebido que estava prestes a alcançar este número: «Estou sempre focado no futuro, no próximo jogo, e tento olhar com distanciamento para o passado. Para mim o que interessa é possibilidade de vencer o próximo desafio».

Foram muitos os jogadores importantes que passaram pelas mãos de Wenger, como Campbell, Vieira, Pires, Bergkamp, Henry ou Van Persie, que o ajudaram a conquistar títulos importantes, como os três campeonatos ingleses (1997/98, 2001/02, 2003/04) ou as quatro taças de Inglaterra (1997/98, 2001/02, 2002/03, 2004/05), mas os últimos anos têm sido de dificuldade e muito poucos motivos para festejar.

«Aprendemos sempre a cada jogo, mas aprendemos mais nos que perdemos. Provavelmente porque somos obrigados a fazer análises mais aprofundadas, fazemos mais perguntas, falamos mais com os jogadores. Curiosamente, quanto mais alto é o nível mais fácil é de perceber as fragilidades da equipa».

Wenger continua a falar do título, agora que entra numa fase importante do campeonato, defrontando o Chelsea já este sábado, o Swansea na terça-feira e o Manchester City na próxima semana. «Existe a sensação de que se passarmos estes três jogos podemos encontrar a força para acreditar que é possível», acrescentou, afirmando com entusiasmo:

«É a melhor luta pelo título que me lembro. Em termos de número de equipas envolvidas nos nove jogos para o fim, oito para algumas, este é provavelmente o maior número que já vi competir pela Premier League. Este campeonato é tão competitivo que qualquer equipa pode perder pontos quando menos espera».

Todos esperam que o Chelsea deste sábado seja bem mais ambicioso do que aquele que apareceu no Emirates Stadium em dezembro, quando as duas equipas empataram a zero golos. Agora a formação de Mourinho atravessa uma melhor fase (apesar da derrota no último fim-de-semana) e deixa o Arsenal em sentido, sabendo que um triunfo em Stanford Bridge deixa-os a apenas um ponto dos blues.

Sanogo já veio para as redes sociais apelar aos fãs, dizendo que eles são mais necessários do que nunca.



É impossível de prever que José Mourinho vamos ter no próximo sábado, mas suspeita-se que o seu lado mais negro apareça, reconhecendo que o português não tem sido muito simpático para Wenger. Recentemente ficou célebre uma expressão que serve para marcar as diferenças entre o «special one» e o francês, que considera ser um «specialist in failure» (especialista em falhar). Mourinho, uma espécie de nemesis de Wenger, não perdeu qualquer jogo para o gunner.

Arsene não se desmancha. «O Chelsea é uma equipa diferente da primeira passagem de Mourinho, que na altura era baseada em jogadores experientes e de grande qualidade. Agora tem uma equipa jovem, mas também de top», elogiou.

O «special one» vive na sua maior zona de conforto sempre que joga em casa, onde nunca perdeu para o campeonato inglês (75 jogos). No sábado não vai poder contar com os brasileiros Ramires e Willian, que foram expulsos no jogo do último fim-de-semana com o Aston Villa, sendo previsível a titularidade de Matic num meio-campo onde também deverão alinhar Lampard e David Luiz.



Os blues vivem um bom momento, recuperaram a confiança e querem voltar a vencer tudo. «Mourinho é o melhor treinador do mundo. Podemos ver as diferenças este ano no campeonato e na Liga dos Campeões. A equipa está forte e ele sabe guiar-nos para o que pretende. Está a correr bem, mas temos de continuar, porque ainda não vencemos nada», disse Lampard ao site do clube.

Do lado do Arsenal há a lamentar as ausências de quatro grandes jogadores: Aaron Ramsey, Mesut Ozil, Theo Walcott e Jack Wilshere, abrindo-se a possibilidade de Mathieu Flamini regressar ao onze. A equipa não não ganha um troféu desde 2005, enquanto o Chelsea viveu nos últimos oito anos as melhores épocas da sua história.

ONZES PROVÁVEIS

Chelsea: Cech; Ivanovic, Terry, Cahill, Azpilicueta; Matic, Luiz, Lampard; Hazard, Schurrle, Eto'o

Arsenal: Szczesny; Sagna, Mertesacker, Koscielny, Gibbs; Arteta, Oxlade-Chamberlain; Rosicky, Cazorla, Podolski, Giroud