A polícia inglesa aconselhou a UEFA a alterar o dia do embate entre a República Checa e a Inglaterra, relativo à fase de qualificação para o Euro 2020, que está marcado para a próxima sexta-feira. As autoridades britânicas consideram que, tendo o fim de semana pela frente, é mais provável que os adeptos ingleses abusem do álcool e acabem por provocar distúrbios na capital checa, dando como exemplo, os incidentes que se verificaram no centro do Porto e Guimarães, em junho, quando se disputou a Liga das Nações.

O jogo já tinha sido qualificado pela UEFA como de «alto risco» e as autoridades checas estão a reforçar o dispositivo de segurança com unidades antimotim à espera de cerca de seis mil adeptos ingleses, mas Mark Roberts, máximo responsável pela segurança no futebol em Inglaterra, em declarações ao jornal The Guardian, defende que o jogo devia ser adiado para um dia menos convidativo aos abusos, ainda por cima numa cidade como Praga que é conhecida pela sua vida noturna e cerveja barata.

«Escrevi à UEFA para que reconsidere a marcação do jogo para uma sexta-feira, é algo que não podemos controlar. É mais complicado quando estás a lidar com eles [UEFA], particularmente quando jogamos fora de casa. Penso que é lamentável porque os riscos são mais do que evidentes. Nestes casos preferimos prevenir do que permitir que as situações se desenvolvam e depois tenhamos que lamentar», referiu o responsável da polícia britânica.

A polícia inglesa e a federação inglesa têm feito um esforço enorme para combater a violência relacionada com o hooliganismo, mas nestes casos trata-se, acima de tudo, de comportamento antissocial, muitas vezes despoletado pelo consumo excessivo de álcool. Mark Roberts diz que os prevaricadores, normalmente, são jovens sem registo criminal, muito difíceis de serem detetados pela polícia.

Foi nesse sentido que Mark Roberts deu o exemplo dos incidentes que se verificaram no centro do Porto quando decorria a Liga das Nações. «Vi um jovem adepto do Tottenham que estava no exterior de um bar. Ele não estava a atirar garrafas, estava a cantar aquelas canções que todos conhecemos, mas os outros, à volta dele, estavam. Eles têm o espírito de manada, não têm noção dos riscos que correm», referiu.

Mark Roberts considera que há adeptos normais que acabam por pagar pelo que fazem os arruaceiros, recordando também os incidentes em Guimarães onde também houve uma carga policial durante os jogos da Liga das Nações. «Tinha havido uns empurrões e a polícia portuguesa perdeu a paciência e carregou sobre eles com bastões».

O responsável pela polícia britânica aconselha, assim, as autoridades checas a agir rapidamente e a isolar os prevaricadores, antes que se formem grandes multidões descontroladas.