Apesar do momento muito conturbado que vive, o Manchester United de José Mourinho alcançou neste sábado uma vitória épica na receção ao Newcastle, o que permitiu aliviar um pouco as nuvens negras que pairam sobre Old Trafford e Mourinho muito em particular.

Após o jogo, o treinador português elogiou os seus jogadores, falando também de tudo o que tem rodeado a grupo, algo que Mourinho afirma estar a saber lidar, ao contrário dos atletas.

«Ninguém é mais importante do que o clube. E este jogo foi uma demonstração de mentalidade desejo e compromisso dos jogadores, que deram absolutamente tudo o que tinham», começou por dizer, falando depois de uma perseguição de que se sente alvo.

«Eu tenho 55 anos e apesar de ser a primeira vez que vejo uma caça ao homem no futebol, consigo viver com isso. E alguns dos rapazes, apesar de não serem os alvos da caça, não estão a conseguir lidar com isto. A forma como começámos o jogo foi de absoluto pânico. Cada vez que a bola ia à nossa área... em alguns momentos achei que íamos fazer autogolo», descreveu sobre o jogo em que os red devils começaram a perder 2-0.

«O Marcus Rashford estava triste no campo; o McTominay estava assustado no campo. E depois os jogadores cometem erros que não são normais. Não é fácil para eles. Para mim também não é, mas a vida é feita de novas experiências. Isto faz-me ser melhor pessoa porque percebo coisas na natureza humana e nesta indústria onde trabalho - que amava, e ainda amo - mas há demasiadas debilidades em algo que devia ser bonito», lamentou.

Questionado diretamente sobre a perseguição de que sente alvo, Mourinho teve uma resposta curiosa: «É como me disse um amigo esta manhã: se amanhã chover em Londres a culpa é minha. Se for difícil chegar a um acordo no Brexit, será culpa minha. Mas é a minha vida, a que eu amo e pela qual eu luto desde criança», desvalorizou.

Sobre o que mudou da primeira para a segunda parte, Mourinho disse que teve uma boa conversa com os jogadores ao intervalo e que aquilo que foi alcançado foi muito positivo.

«Prometemos uns aos outros que íamos dar tudo, sem medo nem pressão. E deram tudo e mereceram. Mesmo que não tivessem marcado o 3-2, eles estariam de parabéns», finalizou.

Na conferência de imprensa, Mourinho abordou as notícias que davam conta do seu despedimento, independentemente do resultado frente ao Newcastle, recorrendo à ironia para dizer que que até ele pensava que á tinha sido despedido.

«Aqueles que leem os jornais e que ligam às redes sociais pensavam sem dúvida alguma que eu já tinha partido. Se eu não tivesse recebido um SMS da minha direção a pedir que não os lesse [jornais], também eu estaria igualmente convencido», disse.

Antes, ainda no relvado, o alívio da pressão de Mourinho fez-se de punho cerrado em direção a uma câmara e alguns impropérios em bom português. Ora veja: