A conferência de imprensa era de antevisão do clássico entre o Fluminense e o Botafogo, mas Abel Braga, ténico dos «tricolor», acabou por desabafar sobre a situação precária que os treinadores no Brasil atravessam.

«Há algo que pode ser feito. A única coisa: tem que se pressionar o governo, a sociedade, que o treinador de futebol é uma profissão. Você é demitido de um clube, não recebe a rescisão e a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) pede uma declaração ao clube sobre a mudança para que possa contratar outro. E o acerto?»

O técnico continuou e sugeriu uma greve para parar esta cultura de despedimento: «Esta cultura só vai parar no momento que se reunirem nomes como eu, Mano Menezes, Paulo Autuori, Osvaldo de Oliveira, Dorival Junior, Vagner Mancini, Tite, para fazerem uma greve.»

Braga falou também dos treinadores menos famosos, que estão nas Séries C e D: «E os outros da Série C? Série D? Que a gente nem sabe? Onde isso vai parar? A minha vida está estabilizada por causa desta profissão. Mas quero que a rapaziada nova consiga também.»

«Isto tem que parar, não tem volta a dar. Eu estou disposto. Se os meus colegas estiverem também, estou dentro», rematou.

Só nos últimos dias, Eduardo Batista e Vagner Mancini, antigos treinadores do Atlético-PR e Chapecoense, respetivamente, foram demitidos. Em 12 jornadas do «Brasileirão», já houve nove despedimentos.