Como o fosso cresceu em escassos meses. O Barcelona aplicou uma «manita» ao Real Madrid este domingo no «El Clásico» e reassumiu a liderança da Liga, agora com mais sete pontos que o arqui-rival.

Os merengues foram completamente banalizados na primeira metade, recompuseram-se no intervalo e chegaram a reduzir a diferença no marcador. Quando pareciam estar perto do empate, Suárez fez o 3-1 e deu início ao descalabrado blanco na Catalunha.

Os 5-1 espelham a superioridade blaugrana durante grande parte do jogo. Ao mesmo tempo realçam traços de um Real Madrid que sobrevive há dois meses pela alma, brio e carácter dos seus jogadores do que pela qualidade de jogo/organização. Os campeões europeus chegaram mesmo a ouvir «olés» e deixaram o relvado corados de vergonha.

FILME E FICHA DE JOGO


Pela primeira vez em 11 anos, «El Clásico» jogou-se sem Lionel Messi e Cristiano Ronaldo. Forçosamente o protagonista foi outro. Camp Nou abriu portas para o «show» de outro sul-americano: Luis Suárez. Mas já lá vamos.

Antes do início de jogo as duas equipas estavam separadas quatro pontos. No entanto, pelo que se viu sobretudo na primeira parte, a diferença é muito superior. Órfão de Messi, Valverde manteve a aposta em Rafinha, tal como havia feito frente ao Inter de Milão, na última quarta-feira. 

Por sua vez, Lopetegui colocou Varane de início e entregou o corredor direito a Nacho. Foi por aí que o Real Madrid começou a perder o jogo. Logo ao minuto 11, após 30 toques (!) sem os jogadores merengues tocarem na bola, Rakitic lançou Alba em velocidade. O internacional espanhol viu Suárez arrastar a marcação de Varane e entregou a Coutinho que se limitou a encostar para o fundo da baliza de Courtois.

Início de sonho para o Barcelona. Um autêntico pesadelo para Lopetegui e restante armada blanca. Os blaugranas dominavam a seu bel-prazer o jogo, com Arthur, Busquets e Rakitic a controlarem totalmente a zona intermédia. O Real Madrid mal conseguia sair do seu meio-campo com a bola controlada tamanha a pressão contrária.

Após uma passe errado de Ramos, que obrigou ao erro do companheiro Nacho, Arthur ameaçou o 2-0 com um remate em arco que Courtois travou (20'). Pouco depois, Varane - esteve irreconhecível - derrubou Suárez na área. O árbitro não assinalou a infração e recorreu ao VAR para se decidir pela marcação da grande penalidade. O mesmo Suárez cobrou e assinou o 2-0. Apenas meia hora de jogo.

Sem qualquer remate à baliza na primeira parte, ao intervalo Lopetegui lançou Lucas Vázquez e recuou Casemiro para o centro da defesa, juntando o brasileiro a Nacho e Varane. Em boa verdade, o Real Madrid melhorou de sobremaneira e reduziu por Marcelo na melhor jogada que fez em 90 minutos: circulação da esquerda para a direita, com a bola a entrar em Isco que assistiu o brasileiro.

Durante vinte cinco minutos o Barcelona sofreu como nunca até então. A pressão alta do adversário forçou o erro na saída de bola. Numa dessas ocasiões, Luka Modric acertou no poste da baliza de Ter Stegen (55'). Poucos depois (69'), Benzema desperdiçou a igualdade em plena pequena área, cabeceando por cima após cruzamento milimétrico de Lucas Vázquez.

Foi a gota de água para Valverde. O treinador culé leu o jogo e lançou o português Semedo para o lugar de Rafinha, subindo Sergi Roberto no corredor. E foi precisamente essa troca que permitiu ao Barcelona segurar, ampliar e, por fim, golear o adversário.

O médio catalão aproveitou o mau domínio de Sergio Ramos - último homem da defesa merengue - para lançar Suárez que «picou» por cima de Courtois e deitou ao tapete o adversário (75'). Pouco depois, nova associação entre Roberto e o uruguaio valeu o 4-1. Cabeceamento notável do avançado a deixar Courtois pregado ao relvado (83').

Com o Real Madrid em estado moribundo, o recém-entrado Vidal fixou o resultado final. Dembélé desenvencilhou-se de Nacho e cruzou para um golo fácil do chileno (87').

O Conjunto de Lopetegui podia ter encurtado a diferença no marcador em cima do apito final, mas Benzema - desastrado no capítulo da finalização - desperdiçou na cara de Ter Stegen.

Três anos depois, o Barcelona voltou a sorrir em Camp Nou contra o Real Madrid.